FamososGeralGossip

Carlos Lopes doente, esquecido e abandonado por amigos

Luís Osório revela estado atual do antigo atleta olímpico...

Luís Osório dedicou o seu mais recente ‘Postal do Dia’ a Carlos Lopes, antigo atleta olímpico.

Caro Carlos Lopes. Sei que estás doente, que te é difícil sair de casa, que de quando em vez ficas triste pelo esquecimento do país, de alguns amigos que julgavas serem amigos, coisas que antes não te passavam pela cabeça. Desculpa tratar-te por tu. Acredita que não é por falta de respeito, muito pelo contrário. É mais por uma ideia de pertença, por um sentido talvez desajustado de proximidade, afinal és um dos maiores portugueses da história do desporto. Como tu, talvez Eusébio e Cristiano Ronaldo. Talvez Rosa Mota. Pouco mais”, começou por escrever.

Escrevo-te este postal para te dizer que não te esqueço. E como eu milhares de portugueses. Talvez até milhões que não se esquecem o que fizeste e o que és – sabes bem que uma coisa e a outra não estão necessariamente ligadas. O que fizeste é esmagador. Campeão olímpico da maratona. Campeão mundial e europeu. Dezenas de medalhas e tantos elogios ao que foste na pista, na estrada, no corta-mato. O país parava para te ver correr. Para gritar por ti. E sabíamos que não falhavas nos momentos decisivos, o teu espírito era inquebrantável, eras duro de roer, o mais completo atleta da história do atletismo até ao momento em que decidiste que terminava. Foste o último dos europeus a fazer frente à ascensão dos grandes atletas africanos nas provas de resistência. Ias para as maratonas e ganhavas a quenianos, etíopes e marroquinos. O recorde mundial da maratona foi teu durante vários anos”, destacou.

Mas se aquilo que fizeste é importante, o que sempre foste é-o ainda mais. Porque és uma parte do que somos enquanto país. Vieste do povo e nunca te tentaste pôr em bicos dos pés. Nunca maltrataste ninguém por sentires que o peso das medalhas to permitiria. Nunca deixaste de ser humilde, de comer nas tascas, de substituíres os teus amigos de sempre por novos amigos. As vitórias não te afastaram das raízes. Simplesmente tentaste fazer o melhor possível tendo a memória dos que amaste, de onde viste, do sofrimento que te fez mais forte. É por tudo isso que o teu nome se confunde com uma parte do país que somos. Um país de gente boa, de gente de antes quebrar que torcer, de gente capaz de comer o pão que o diabo amassou sem perder a capacidade de acreditar no futuro, de fazer o melhor possível, de ser o melhor possível (…)”, prosseguiu.

“(…) Sei que estás doente. Que raramente sais de casa. Que por vezes ficas triste. Não fiques. Estamos aqui. O país não te esquecerá”, rematou o jornalista.

Publicidade

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo