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De “caixeiro-viajante” a estrela no Brasil: Pedro Carvalho celebra 10 anos de carreira internacional e confessa saudades do bacalhau

Pedro Carvalho falou sobre os seus 10 anos de carreira no Brasil. O ator recorda o esforço para perder o sotaque, o choque cultural nos supermercados e a saudade do bacalhau português

Pedro Carvalho, o ator que conquistou o coração de portugueses e brasileiros, foi o protagonista desta semana no programa 24 Minutos Com, conduzido por Sofia Leitão.

Numa conversa descontraída, o artista celebrou uma década de vida no Brasil, descrevendo a sua rotina transatlântica como uma “maluquice” digna de um “caixeiro-viajante”.

Embora passe a maior parte do tempo em terras de Vera Cruz por motivos profissionais, Pedro aproveita as pausas nas gravações para regressar a Portugal, ver a família e gerir os seus negócios. Contudo, há algo que não lhe deixa saudades: o clima, “Não gosto nada do frio, confesso. Desde criança que gosto do verão e do calor”, admitiu, justificando assim a sua adaptação fácil ao clima tropical.

Apesar da adaptação, o choque cultural foi inevitável no início. Pedro Carvalho usou uma metáfora curiosa para ilustrar as diferenças entre os dois povos, “O melhor bilhete de identidade é ires a um supermercado. No Brasil, toda a gente fala contigo, andam de chinelo, é tudo tranquilo. Aqui, as pessoas respeitam mais as filas, é uma coisa mais organizada e formal”, comparou.

O que o faz salivar de saudade, porém, é a gastronomia. O ator confessou que, mal aterra em Lisboa, o desejo é um só, “Gosto muito de bacalhau. O de lá não é igual. Gosto dele à Brás, com natas ou espiritual”, revelou.

Um dos pontos altos da entrevista foi a revelação sobre o esforço titânico para vingar na ficção brasileira. Pedro explicou que, durante anos, fez aulas de fonoaudiologia para perder o sotaque luso, o que lhe permitiu deixar de estar “preso” a personagens portuguesas, “Só há uns quatro anos é que comecei a conseguir fazer personagens brasileiros. Hoje em dia já consigo ir pelas duas vias”, contou com orgulho.

Essa imersão é tal que o ator opta por falar português do Brasil até nas redes sociais, por uma questão estratégica de mercado e o reverso da medalha é a confusão mental quando regressa a casa, “Há sempre um desafio, o cérebro fica um bocadinho confuso. Tenho de trabalhar a prosódia para falar o português de Portugal correto”, explicou.

Olhando para trás, Pedro recordou que a ida para o Brasil foi um “acaso”, tendo caído lá “de paraquedas” para um papel de protagonista. No entanto, o sucesso trouxe também inseguranças, “Mais para a frente, comecei a pensar: ‘Estou a trabalhar tanto aqui, será que as pessoas lá [em Portugal] me estão a esquecer um pouco?’”, confidenciou, revelando uma preocupação recorrente que partilha com os seus agentes.

“Recomeçar sem véu”: O preconceito em Portugal e a liberdade no Brasil

Pedro Carvalho recordou o clima social que se vivia em Portugal há uma década, altura em que decidiu emigrar, considerando que o estigma era, na altura, mais evidente no seu país natal do que aquele que veio a encontrar no outro lado do Atlântico.

Para o artista, a mudança para o Rio de Janeiro representou muito mais do que uma mera oportunidade profissional; foi uma verdadeira libertação pessoal. Ainda descreveu a ida para o Brasil como a possibilidade de “recomeçar sem véu”, um passo que lhe permitiu viver a sua identidade de forma plena e sentir-se verdadeiramente bem consigo próprio, longe de alguns julgamentos que sentia em solo luso.

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