PEDRO CHAGAS FREITAS: “O meu filho passou por aquilo, cada Natal é uma vitória absoluta!”
Ao longo de todo o mês, o DIOGUINHO revela em EXCLUSIVO tudo sobre as tradições iluminadas dos famosos.
Dezembro já começou e o Natal está a chegar. O autor consagrado de ‘O Hospital de Alfaces’, que em menos de oito meses chegou à 11ª edição da obra e já vendeu quase 100 mil livros, considera que desde que o filho, Benjamim, ultrapassou um transplante ao fígado, tudo “o resto é bónus”. Para o sapatinho, sugerimos o seu novo livro, “A Amiga Cinzenta”.
Eis as confissões exclusivas de Pedro Chagas Freitas ao DIOGUINHO, sobre o Natal e tudo à volta desta quadra festiva.
Como é a tradição da sua família no Natal?
Não tem nada de extraordinário e é por isso que é absolutamente necessária. Juntamo-nos, comemos demasiado, falamos alto, lembramos histórias que já ninguém tem a certeza se aconteceram mesmo, recordamos os que não estão mas que não é por isso que deixam de estar. Enquanto a mesa estiver posta, tudo faz mais sentido, não é?
Gosta mais de dar ou de receber presentes?
Gosto mais de oferecer. É uma forma de dizer “pensei em ti”. Receber é sempre estranho, é um território de quase vulnerabilidade. Oferecer é mais seguro. E a felicidade de quem amo não está sozinha; está sempre acompanhada da minha.
Qual foi o Natal mais especial?
Quando o meu filho passou por aquilo que passou, cada Natal deixou de ser apenas uma data e passou a ser uma espécie de vitória absoluta. Vamos ter o lado vazio da ausência do meu pai, mas vamos celebrar a vida dos que estão vivos com a vida dele ao lado. Não há ossos nem músculos dele, mas enquanto nós estivermos ele vai estar.
Come o bacalhau com todos ou prefere outra receita alternativa?
Como o bacalhau, mas com arroz, claro. Como tudo com arroz. O bacalhau é uma forma de memória, de aconchego gastronómico. É quase uma superstição: se fizer tudo igual, talvez nada de mau aconteça. Passamos o ano inteiro a querer mudar a vida e depois, no Natal, agarramo-nos ao que sempre foi. Os humanos são uma ironia andante.
Para si, o Natal é…?!
O Natal é uma tentativa. Uma tentativa de acreditar no melhor das pessoas, de fazer um esforço por ser menos cínico, menos cansado, menos ferido. É um intervalo emocional no calendário. Acredito na necessidade humana de inventar momentos em que fingimos que tudo está bem. Pode ser o suficiente para nos dar algum sobrevivência por dentro.
Desejos para 2026?
Só quero dias cheios de nada. Se não houver novidades más, será um ano extraordinário. Não preciso de mais nada.
Como vão ser estas Boas Festas, Natal e passagem de ano?
Simples como sempre. Uma mesa com gente que amo à volta, um miúdo a rir. Basta que ninguém falte, que ninguém adoeça. O resto é bónus.