Rute prostituiu-se com conhecimento da filha e do namorado
A mãe abandonou-a dentro de uma mala de viagem, atirou-a da janela para um tanque e fez-lhe uma cicatriz na cara à pancada com um pau. Aos 37 anos, a nova concorrente tem uma trágica história de vida para contar, inclusive a viver com o pai… sem água em casa há sete anos!
[highlight]”Fui torturada pela minha mãe”[/highlight] é o segredo que levou para a Venda do Pinheiro, relatado pelo próprio pai, Manuel Freitas. “A minha filha sofreu muito”, começa por contar, sem conter as lágrimas. “Eu sabia de tudo, mas olhe… naquela altura, calei-me. A minha mulher, Josélia, sempre foi muito má mãe. Nós vivíamos num bairro de barracas, com muito poucas condições… Eu, trabalhava nas obras e a minha filha nunca foi bem tratada. A menina tinha poucos meses e passava os dias a chorar porque a mãe não queria saber dela”, lembra, emocionado.
“Um dia, cheguei a casa do trabalho e a minha mulher tinha fugido. A Rute era muito pequenina, uma bebezinha, e estava no chão, dentro de uma mala de viagem. Estava cheia de xixi… toda assadinha… e nem devia ter comido nada nesse dia. Só chorava. A mãe dela abandonou-nos e deixou-me sozinho com a menina“, diz, com o rosto marcado pela dor. Como não podia cuidar da filha, Manuel levou-a para uma instituição dirigida por freiras. Rute passava a semana com as irmãs e, ao fim-de-semana, o pai ia buscá-la.
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“Um dia, tinha a Rute uns três ou quatro anos, recebi uma carta do tribunal a dizer que a Josélia queria estar com a filha. Fiquei muito revoltado, mas disseram-me que eu não podia fazer nada. Então, passei a ir buscá-la só de 15 em 15 dias. Os outros fins-de-semana, ela passava-os com a mãe”. O discurso de Manuel é interrompido por Natacha, filha de Rute, de 17 anos. “A minha mãe já me contou as coisas horríveis que a minha avó lhe fazia. Batia-lhe, não lhe dava de comer e uma vez até a atirou da janela para dentro de um tanque. Nem imagino o que ela passou, mas a minha mãe tem uma cicatriz na cara que foi a minha avó que lhe fez com um pau“, conta.
Rute cresceu e o contacto com a mãe passou a ser cada vez menor e, quando Natacha nasceu, fazia questão de ir a casa da mãe de vez em quando com a menina. “Lembro-me de ir lá uma vez e a minha avó estar lá com uns amigos esquisitos. [highlight]Eu tinha uns sete ou oito anos e eles estavam a drogar-se. Não era a fumar um charro, era mesmo a injectarem-se. A minha mãe ficou passada de ela estar a fazer aquilo à minha frente, mas ela não tinha respeito por ninguém.[/highlight] Era uma toxicodependente e foi por isso que ela deixou o meu avô. Sempre andou em más companhias”, afirma, categórica, a jovem.
Segundo conta Natacha, a avó chegou mesmo a ser presa. [highlight]”Pouco depois desta visita, recebemos um telefonema a dizer que a minha avó estava presa. [/highlight]Tinha sido apanhada a viajar com droga. Acho que ia ou vinha da Holanda. Não me lembro bem, mas sei que passou alguns meses presa e, nessa altura, escreveu uma carta à minha mãe a pedir-lhe desculpa por tudo. Lembro-me de a minha mãe estar a lê-la e a chorar… No fundo, ela gostava da minha avó.., era mãe dela, não é? A sério.., não consigo compreender como é que alguém faz as coisas que ela fez. Acho que eu não perdoava, mas ela perdoou…”.
IRMÃO BEBÉ MORRE SUFOCADO
O pai de Rute, Manuel, continua a folhear o livro das memórias e fala com mágoa da ex-mulher, que acusa de ter causado a morte ao filho mais velho. “Antes da Rute nascer, nós tivemos um menino. Eu estava na tropa, na altura… Um dia, recebi um telefonema a dizer que o menino tinha morrido. Tinha três meses…”, diz, sem conse-guir terminar a frase. “Sofri muito, tive uma dor muito grande… Só eu sei o que passei. Vim para casa e os médicos depois disseram que o menino tinha morrido sufocado com o leite. A minha mulher deitou-o, meteulhe o biberão na boca e foi-se embora… Morreu sufocado, o meu menino…”, recorda, entre soluços. Manuel garante que já perdoou a Josélia o que tinha de perdoar, mas não esquece a dor de ver morrer o filho tão pequeno. “Na altura, deixei-me ficar com ela. Eu não quero usar a palavra assassina, mas… a culpa foi dela. Eu sei disso, mas deixei-me ficar… Depois fui para Angola, na tropa, e voltei ao fim de um ano e tal. Foi pouco depois que nasceu a Rute. Ainda pensei que ela pudesse ter mudado, mas não. Continuou sempre a ser uma má mãe. A minha filha sofreu muito nas mãos dela”, confirma.
O tempo passou e Rute foi sempre mantendo o contacto com a mãe. Mesmo depois de esta ter saído da prisão. Perdoou-lhe os maus tratos constantes e o abandono de que foi vítima ao longo da vida. Mas, há pouco tempo, Josélia voltou a desaparecer. “Disseram-nos que ela foi presa outra vez, mas não sabemos de mais nada. Até hoje… não sabemos se está presa, se fugiu para outro país, sé morreu”, diz Natacha, resignada e com muito poucos sentimentos pela avó: “Nem sei dizer se gosto dela ou não. Às vezes, sinto raiva.., outras vezes, pena”. Hoje, Manuel já não mora numa barraca, mas as poucas condições em que vive saltam à vista de quem o visita, num bairro pobre na zona de Setúbal. “Recebo à volta de 140 euros por mês da Segurança Social. Acha que isto dá para viver? Não tenho água em casa há sete anos, tenho de ir buscá-la aqui ao lado, a casa da minha mãe… Mas eu sou algum bicho para viver assim?”, questiona, enquanto aponta para a humilde residência.
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O ÚLTIMO REFÚGIO DA PROSTITUIÇÃO
Para se sustentar e ajudar a família, depois de inclusive ter passado fome, Rute começou a trabalhar desde cedo. Foi barmaid, lojista e chegou a ser acompanhante de luxo. “Foi no Verão de 2012. Fez isso durante três meses”, conta o namorado, Guilherme Carneiro, de 24 anos – uma dúzia mais novo do que a “mais que tudo”. “Ela fez isso por necessidade. Já viu as condições em que o pai vive? Além disso, o maior sonho da Rute era que a filha vivesse com ela. Como eles sempre tiveram poucas condições, a Natacha sempre viveu com os avós paternos”, acrescenta ainda.
Logo na noite em que entrou na Casa dos Segredos, na última gala, começaram a surgir na Internet várias imagens e vídeos sobre o passado de Rute ligado à prostituição. Ela usava o nome de Beatriz Luz e esteve inscrita em vários sites de acompanhantes. Guilherme conta que, quando conheceu a actual namorada, ela já não trabalhava neste meio. “Ela trabalhava nisso, só que entretanto partiu um pé e teve de deixar. Foi nessa altura que nos conhece-mos, através da Internet e apaixonei-me logo. Ela sempre foi sincera comigo e eu sabia de tudo, mas não me importei. Percebo as razões dela. No fundo, ela fez o que fez para ajudar a família”.
Natacha também sempre soube da vida da mãe. “Nós temos uma relação muito boa, somos as melhores amigas. Saímos à noite juntas, falamos de tudo… e ela sempre me contou o que fazia. Ao início, não concordei muito que ela saísse com homens para ganhar dinheiro, mas depois percebi que era para estarmos juntas e dei-lhe toda a força”, afirma a jovem. Com esta actividade, a vida de mãe e filha melhorou substancialmente. “Ela foi-me buscar a casa dos meus avós e fomos morar para o Estoril, para uma casa com piscina. Foi espectacular! Ela deu-me coisas que eu nunca tive e sei que o que ela fez foi por mim. A minha mãe fez o que fez, mas eu tenho muito orgulho dela”, conta a jovem.
Também Guilherme tem orgulho naquela que considera o grande amor da sua vida e garante que nem a diferença de idades prejudica a relação. “Eu amo a Rute e vou apoiá-la sempre. Ela quis ir para a Casa dos Segredos para ver se lhe aparece alguma oportunidade de trabalho, porque ela nos últimos tempos tem estado desempregada. Vive-mos os dois com a Natacha no Estoril e ela gostava muito de seguir o mundo da televisão. Vamos ver se tem sorte…”.