Manuel Luís Goucha fez questão de abrir as portas do seu natal e mostrou vários pormenores íntimos. A decoração da mesa, e até a cantar.
“Do brocado dourado fiz o corredor de mesa. Não me lembro como este pedaço de tecido me veio parar às mãos, seria da minha mãe ou tê-lo-ia comprado em alguma loja de velharias ou até na Feira da Ladra, que em um ou outro sitio há sempre uns atoalhados do tempo das avós. Ditada a cor ourada foi só prolongá-la nos elementos que decoram a mesa sobre uma cama de musgo artificial: renas de vários tamanhos, castiçais, luminárias, folhas secas… e até no serviço que trouxe de Fontanelas, com mais de vinte anos, guardado que era para mesas natalinas. As tangerinas que ajudam ao enfeitamento têm tudo a ver, por muito que possa estranhar, já que diz a lenda que eram dadas às crianças entre gulodices, em chegando São Nicolau, o mesmo que haveria de inspirar a figura do Pai Natal. Sermos dois à mesa, fora as vezes em que a minha mãe nos acompanhava, não é incomum na noite de Natal, não costuma é ser por cá, mas já que a pandemia assim o determinou está tudo pronto para a festa.”