Nuno Markl de luto: “Sentirei falta de o ouvir”
Nuno Markl fez uma homenagem nas redes sociais ao avô do seu filho e pai da ex-mulher, Ana Galvão.
Nuno Markl publicou nas suas redes sociais uma homenagem a Johnny Galvão que morreu.
“Esta rockstar hippie dos 60s é o avô do meu filho. Aqui numa das suas primeiras bandas, os Los Buenos (procurem o vídeo de Groovy Woovy no YouTube; não se vão arrepender)”, começa por escrever.
“Diz-se que separações acontecem, mas que os sogros são para a vida. Percebi que tinha um Johnny Galvão para a vida muito cedo, quando, em 2010, aquando da morte do meu pai, ele me disse que podia contar com ele para colmatar o vazio que ficou. “Mais do que um father in law”, dizia ele. “Um father”. E eu dei por mim a ter conversas com ele que ficaram por ter com o meu próprio pai.”
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“Era fácil, no meio da torrente intensa de conselhos, ideias, debates, eu esquecer-me que agora era filho emprestado de um artista com um rol de produções musicais que tocavam tanto durante o meu crescimento. O Johnny produziu e/ou escreveu clássicos do @paulodecarvalhooficial, da Adelaide Ferreira, das Doce, entre outros. Andou uma vida pelo mundo a emprestar o seu talento de músico e produtor a uma lista generosa de artistas que vai de Paco de Lucia a Raimundo Fagner.”
“Foi das pessoas mais intensas que conheci e as histórias que tenho com ele (sobretudo quando trabalhámos juntos numa comédia musical, Lusitânia Comedy Club) ainda hão-de dar um buddy movie delirante que escreverei um dia, na fina linha entre o afecto gigante que tínhamos um pelo outro e os ataques de nervos que chegámos a provocar um ao outro (mas que depressa passavam). Era um perfeccionista, um produtor à antiga orgulhosamente inadaptado ao funcionamento moderno da indústria da música, mas atento – por vezes até mais do que eu. Não é todo o sogro que dá a conhecer música nova ao genro, mas sabem que mais?”
“Uma das primeiras pessoas a falar-me entusiasticamente da Billie Eilish foi ele, tinha ela acabado de aparecer.”
“O Johnny estava doente há muitos anos, e por várias vezes esteve para partir. Mas, homem de convicções fortes e com uma sede de viver insana, respondeu várias vezes à Morte que não contasse com ele. Manteve projectos e sonhos até ao fim, mesmo quando era óbvio que seria impossível concretizá-los. “Vamos criar outro espectáculo”. “O que achas de abrir uma escola de artes?”. Ouvi-o sempre. Sentirei falta de o ouvir. Boa viagem, Johnny.”
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