Ana Sofia Martins foi convidada da última emissão do “Programa Cautelar”, no passado sábado, 30 de abril, na RTP1.
Durante o debate moderado por Filomena Cautela, a atriz e modelo angolana criticou a falta de representatividade étnico-racial na televisão portuguesa “que é tão óbvio e tão flagrante”.
“Para mim, chega a roçar um bocadinho o ridículo que ainda tenhamos que estar a falar neste tema quando… Basta ligarmos a televisão. Não vês artistas negros. Vês muito pouco jornalistas. Agora falando das pessoas que estão atrás das câmaras: guionistas, realizadores, produtores, cameramen, pessoal do som.. Não há”, disse a atriz e apresentadora.
“E eu pergunto-me: ‘Como é que é possível?’. Num país que teve colónias como todos nós sabemos, não é? Num país colonizador que nunca se conte a história da perspetiva do colonizado. Ou que se deixe até os negros contarem as suas próprias histórias”, lamentou.
Ana Sofia Martins recordou uma novela de sucesso da TVI e deixou uma crítica: “Por exemplo, eu fiz A Única Mulher (…) e, nada contra os autores, obviamente, mas eram dois autores brancos a contarem histórias negras, que não tem mal como início… Mas a sensação com que eu fico, dessa altura, é que foi tipo uma moda, ‘surfámos’ a onda de Angola, os angolanos gastavam muito dinheiro em Portugal. Agora já não falamos mais nisso”.
“E há muita gente que fala também de não há artistas, não há atores africanos ou negros, ou descendentes de… E há! Só que não têm trabalho. Porquê? Porque as histórias com origens africanas ou histórias mesmo dos africanos que vivem em Portugal não estão a ser contadas porque são vistas como histórias que não vendem e eu pergunto-me: Num país que nós vamos à rua, agora que estamos aqui em Lisboa, não é? Basta ires a qualquer zona e estas pessoas estão lá. Estamos todos lá. E como é que isso não passa para os media? E isto faz-me muita confusão”, acrescentou.
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