Rita Pereira já acabou as gravações da novela da TVI, ‘Quero é Viver’, e mudou radicalmente o visual.
Só que a atriz da TVI, Rita Pereira, está a ser muito criticada após a mudança à sua imagem de forma a fazer o luto à personagem. Está a ser acusada de ‘apropriação cultural’.
Alguns dos comentários nas redes: “Farta dessa Rita Pereira. Isso chama-se apropriação cultural caramba!” ou “Farta de não ter ninguém que lhe diga que ela só parece palhaça com tanta apropriação”.
O companheiro de Rita Pereira, Guillaume Lalung, já saiu em sua defesa, “Tu és linda meu amor O facto de ela ter dreadlocks não significa que ela está a tentar apropriar-se da cultura”.
Leia Também: Rita Pereira firme após polémica: “Continuarei com as minhas twist lindas até me apetecer”
Rita Pereira surge a cantar, ‘Sou Filha da Tuga’ – da cantora Irma, e levou com um comentário, que respondeu logo a seguir, “[…] querida, essa descrição da música não faz sentido nenhum. Tu não és preta para os brancos, vocês nunca vão ser pretos, nunca, e nunca vão saber o que é ser preta principalmente aqui em Portugal”.
A atriz da TVI não gostou e respondeu: “Mas quem disse que sou preta para os brancos?! Estou a cantar, não estou a dizer que eu sou a letra desta música. Não sou preta, eu sei, nunca o serei, eu sei, mas admiro a cultura, vivo a cultura desde que nasci, defendo e respeito. Não entendo realmente este ataque“.
Leia Também: Soraia Moreira defende Rita Pereira: “Quando vamos realmente evoluir?”
Na tarde desta terça-feira, 19 de julho, Rita Pereira publicou um texto para encerrar a polémica: “Ponderei escrever este texto porque acho sinceramente que, diga o que disser, não vai ser ouvido, comentado ou tido em conta por quem me criticou ou por quem simplesmente escreveu títulos polémicos procurando cliques. E também porque não é um assunto que se consiga resumir num post de Instagram. Mas a verdade é que este assunto é realmente importante para mim. É um tema do qual estou bem informada, ao contrário do que possam pensar e não posso deixar que me tenham como desinformada ou desinteressada, não sobre isto”, começou por referir.
“Desde que me conheço como gente que sou contra a desigualdade, a segregação racial, a discriminação social, o racismo. Desde que faço televisão que me manifesto contra o mesmo publicamente. São 18 anos a “chegar-me à frente” no que diz respeito ao racismo. Fui das primeiras pessoas (não Afro Descendente) a falar de racismo em televisão, sem medo do que isso implicaria. Apenas com o propósito de levar informação às pessoas certas. Em Portugal o racismo é assunto tabu. Poucos querem discutir, poucos querem opinar, muitos querem ignorar”, prosseguiu.
“Não sou eu, uma branca privilegiada que devo falar sobre isto, mas tendo consciência plena deste privilégio e da influência que tenho no meu país, não posso ficar calada deixando que me apontem o dedo como “desinformada”. Há uns meses, em conversa com uma amiga afro descendente, ela contou-me que foi despedida do seu trabalho por ter aparecido de tranças. Sim, por usar tranças. Isto ainda acontece em Portugal. E porquê?! Porque o cabelo de um africano, as tranças, a afro, é visto (por estes racistas) como sujo, impróprio, pouco profissional, não é digno. Em muitos lugares do país os cabelos afro não são aceites”, lamentou.
“As mulheres de etnia africana são obrigadas, sim obrigadas, a esticar o cabelo ou usar laces/perucas para que possam trabalhar em determinadas empresas. Em muitas escolas as crianças afro descendentes são “aconselhadas” a não usar tranças ou afro. Crianças que já crescem sem liberdade de serem como quiserem. Ora, se isto me causa revolta imaginem às pessoas que sentem isto na pele há centenas de anos. E depois vem uma branca privilegiada com tranças e é sinónimo de exótica, moderna, linda, tudo de positivo, algo pelo qual os afro descendentes lutam há anos, equidade étnica, cultural e capilar”, acrescentou.
“E agora a questão: se sei disto tudo porque fiz na mesma as twists?! Porque, após questionar o meu marido, amigos familiares e ativistas afro descendentes, cheguei à conclusão que, devido à minha história de vida em relação à cultura africana, o facto de respeitar, admirar e honrar a cultura, sendo activista em relação ao racismo, faz com que não seja uma apropriação cultural mas sim admiração cultural”, explicou.
“Apropriação cultural é, entre outras coisas, usar algo da cultura de um povo sem o valorizar. Acham mesmo que eu, perante toda a minha história, estou a desrespeitar, desvalorizar ou apoderar-me da cultura africana?!”, questionou. “O facto de eu usar tranças ou twists é no meu ver uma valorização, uma admiração, respeito e acima de tudo faz parte da globalização”, defendeu.
“Espero que esta polémica tenha ajudado pelo menos a trazer a praça pública esta questão da cultura capilar para que seja aceite em qualquer lugar, qualquer empresa, qualquer comunidade. Porque se 1 terço dos meus seguidores tiver reflectido sobre isto, já valeu a pena ser protagonista deste ataque e polémica”, rematou.
Ver esta publicação no Instagram