Mafalda Luís de Castro fez uma partilha intimista esta quinta-feira, 22 de setembro, no Instagram.
A atriz começou por escrever: “Vou contar-vos uma coisa. Eu nunca amei o meu corpo como devia. Sempre tive e tenho muitos complexos, resultado de feridas antigas que nunca sararam por completo. Feridas causadas por uma sociedade que me ensinou que a “mulher ideal” tem de ser magra, seca, pele lisa, sem celulite nem estrias ou cicatrizes e com curvas. Nunca fui nada disso e quis sempre muito”.
“Cresci nos anos 90, época em que as modelos ainda eram mesmo muito magras a roçar a anorexia. Fiz rítmica desportiva de competição durante 5 anos, onde infelizmente ouvi um comentário por parte de uma das treinadoras e nunca me vou esquecer desse dia. Eu sei que não fez por mal. Disse-o até com um tom carinhoso: “a minha menina gordinha”, mas posso dizer que desde aquele momento, nada ficou igual. Eu nem sequer era gorda mas sempre fui a mais rechoncha de todas e cresci a ver as mulheres da minha família a fazerem constantes dietas duras (sempre com efeito ioiô) e a acreditar no culto do corpo magro”, recordou.
“Em pré-adolescente, na piscina, ou praia, andava curvada como que à procura de alguma coisa no chão, sempre que me deslocava para fora da toalha ou para a água, porque não conseguia suportar que olhassem para mim em pé, direita, relaxada. Encolhia a barriga e tinha vergonha de comer em público. Aos 18, tudo isto resultou num distúrbio alimentar que vivi sozinha, depois, com o conhecimento da minha irmã e de uma amiga a quem confiei o meu segredo, por ter entendido que também ela sofria algo semelhante. Ultrapassei”, prosseguiu.
“Hoje, a minha relação com a comida é quase 100% saudável. Não faço dietas, como quantidades que sei que não preciso por puro prazer de comer e sem pudor algum. Porque me dá mesmo muito prazer. Se tenho o corpo que gostaria? Não, nem acho que vá acontecer. E que corpo é esse? Não é certamente aquele com que tanto sonhava em miúda mas ainda está perto disso. Porque não consigo vencer o preconceito e ideal que me foi impingido desde nova. Se amo o meu corpo? Sim, muito. Mas de vez em quando. Há dias em que me sinto triste por não ser mais definida, por o meu rabo e maminhas descaírem com o passar do tempo e ter duplo queixo em algumas posições. Frustração, por saber que pouco consigo fazer por isso, porque dieta não é, para mim, uma opção e por odiar ginásios. Tento equilibrar sempre os meus exageros com comidas mais saudáveis (que são uma verdadeira seca) para poder continuar a fazer as minhas “asneiras” e porque me preocupo muito em ser e envelhecer saudável”, explicou.
“Emagreci, por acaso, há pouco tempo, o que me deixa muito feliz e mais confiante, mas sinto que não devia ser assim. Não há, de facto, um certo ou errado nos corpos! Não deveria! E sinto-me ainda tão presa a isto… estamos tão presas/os em coisas que nos desviam do que realmente importa nesta vida… Isto foi apenas uma partilha, um desabafo, não um ensinamento, que eu não tenho nada para ensinar. Queria só falar neste assunto porque nunca o fiz, faz parte da minha vida e certamente da de muita gente que está por aqui. Espero que quem se identificar, possa ter a coragem de lutar contra estes novelos tão emaranhados que nos bloqueiam o nos desviam dos nossos verdadeiros “eu””, acrescentou.
“Que comentem menos os corpos das outras pessoas, que não reajam com cara de felicidade quando vêem alguém que emagreceu sem antes saberem o motivo, que olhem para as nuances únicas dos seus corpos e as amem, nem que seja por um bocadinho, e que um dia, este, seja um mundo onde SER é mais importante do que o que queremos aparentar. Muito amor para todas/os!”, rematou a protagonista da série “Lua Vermelha” (SIC).
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