Um português foi identificado pelos serviços britânicos e internacionais de segurança num vídeo a apelar para a adesão a grupos de guerrilheiros da al-Qaida, segundo uma notícia publicada na quarta-feira na edição online do jornal «The Guardian».
A notícia do diário inglês tem como título «Antigo jogador do Arsenal num vídeo da ‘jihad’ (guerra santa) na Síria identificado como português», referindo que um guerrilheiro mascarado protagoniza um vídeo divulgado na internet há duas semanas, sob um nome falso e a falar inglês com forte sotaque.
[wp_bannerize group=Geral random=1 limit=1]
O vídeo foi ‘postado’ numa conta do Estado Islâmico do Iraque e da Siria, associado à al-Qaida, e tinha uma legenda referindo que o protagonista era um «antigo jogador (Arsenal de Londres, que deixou tudo pela ‘jihad’».
No texto junto ao vídeo lê-se: «Ele jogou pelo Arsenal de Londres e deixou o futebol, o dinheiro e a forma de vida europeia para percorrer o caminho de Alá», citou o jornal, indicando que o nome usado para o protagonista do vídeo é Abu Isa Andaluzi.
Segundo o site FiSyria.com, que postou o vídeo, o homem chegou a Londres para jogar no Arsenal depois de ter crescido ao lado de um futebolista conhecido mundialmente.
Os serviços de segurança britânicos e internacionais analisaram o sotaque e concluíram que deverá ser português, revelaram fontes. Os serviços acreditam tratar-se de um português que viveu em Leyton, no leste de Londres, com dois irmãos e é ainda incerto que tenha realizado testes no Arsenal ou mantido alguma ligação com o clube.
Segundo o Guardian, fontes do clube indicaram que este homem não foi jogador a tempo inteiro, mas terá frequentado sessões de treino quando jovens jogadores são observados antes de assinarem contratos.
Um porta-voz garantiu que o clube não tem qualquer registo de o homem identificado como o português ligado à al-Qaida ter representado o plantel.
[wp_bannerize group=Geral random=1 limit=1]
O jornal adiantou que pelo menos dois outros portugueses com residência declarada em Londres podem estar na Síria, um deles referenciado na cidade de Alepo.
No início do mês o Relatório Anual de Segurança Interna registava ter surgido em 2013 o movimento de cidadãos portugueses para palcos de ‘jihad’, em particular com destino a regiões onde a Al-Qaida e afiliadas procuram reforçar a sua posição, com destaque para a Síria e Mali.
O documento diz igualmente que «sobressaem os riscos de eventuais conexões ao nosso país de antigos elementos das estruturas operacionais de redes terroristas separatistas ou revolucionárias – ainda que desativadas – designadamente através da utilização de Portugal como local de retaguarda de células que se encontrem adormecidas».
A 05 de abril, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, minimizou a ligação de cidadãos portugueses à Al-Qaida, considerando que esse risco é comum a vários países e «não é caso para alarmismo».
Segundo o semanário Expresso, os Serviços de Informações de Segurança (SIS) e Serviços de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) estão a monitorizar uma dezena de cidadãos portugueses ligados à Al-Qaida e a movimentos islamitas na Síria.
«Não é tema de que eu possa falar publicamente, mas não vale a pena ver aqui sinais de alarmismo», declarou Miguel Macedo na ocasião.
Em resposta ao jornal, o gabinete do Sistema de Informação da República Portuguesa (SIRP) confirmou que alguns desses elementos têm cidadania portuguesa por casamento e outros «detinham um estatuto de residência temporária em outros países europeus, embora apresentem conexões sociais e familiares ao território nacional».
Lusa