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Júlia Pinheiro arrasada após entrevistar Gustavo Santos: “Cúmplice de um pensamento que matou homens e mulheres”

Luís Osório apontou o dedo à apresentadora da SIC!

Luís Osório dedicou esta quinta-feira (27) o seu ‘Postal do Dia’ a Júlia Pinheiro e Gustavo Santos, “uma dupla que se completou”.

O jornalista começou por referir: “Gustavo Santos é um comunicador que chega a uma franja importante da população portuguesa. É simpático e um fura-vidas. Participou numa boys band e num Big Brother. E a partir de certa altura começou a publicar livros com o objetivo de ajudar os seus leitores a retirar da vida o melhor. Passou a ganhar dinheiro com conferências motivacionais e palestras sobre aspiradores ou esoterismo”.

Gustavo precisou de 15 anos para sair do (quase) anonimato de um Big Brother para o lugar de sábio do povo, o homem que nos diz as verdades, a pessoa com acesso ao que devemos saber, o que nos protege das mentiras do mundo, o guardião das chaves de entendimento e das cabalas dos senhores do mundo“, prosseguiu.

Talvez Gustavo Santos seja um idiota. Talvez seja um oportunista. Talvez um misto das duas ou uma qualquer terceira via mais benigna, quem sabe? Certamente que será um santo para os seus seguidores. Não é todos os dias que encontramos pessoas que nos libertam das trevas”, atirou.

Gustavo tem combatido a pandemia. Não com informações que permitam às pessoas salvarem-se de um vírus que matou milhões em pouco mais de dois anos. Mas com informações que vão ao encontro de teorias conspirativas e de verdades alternativas. Verdades que ele grita serem verdadeiras. Diz que a pandemia é a maior fraude da história. Diz que as vacinas são para controlar melhor a população. Diz que a ciência não vale mais do que a razão de cada um. Diz que forjou testes COVID para poder participar em eventos ou comer em restaurantes. Com a mesma convicção afirmou em 2016 que as doze pessoas que foram assassinadas por terroristas no ataque ao Charlie Hebdo se tinham posto a jeito porque a liberdade de expressão não é libertinagem”, enumerou.

Gustavo Santos esteve na semana passada no programa de Júlia Pinheiro, na SIC – assistiram à entrevista em direto mais de 300 mil pessoas. É este o ponto que me interessa. Por mais que Júlia Pinheiro tente contextualizar as polémicas opiniões do seu convidado é lamentável que tenha aberto a porta do programa a um homem capaz de defender o que defende. A opinião é livre e o Gustavo na conversa televisiva assumiu que respeita a opinião de Júlia, mas que esperava que Júlia respeitasse a sua. A apresentadora não disse que não a respeitava, apenas que não concordava. E tudo ficou legitimado a seguir. Legitimado e na paz do senhor. Mas não, não pode ser“, criticou.

“Júlia Pinheiro tem estatuto para fazer quase o que lhe apetece. Estatuto para levar as pessoas que quer no momento em que as quer. E se o levou foi por o desejar. Mas ao abrir a possibilidade de Gustavo falar para quase meio milhão de pessoas, torna-se cúmplice de um pensamento que, no limite, foi responsável pela morte ou internamento de homens e mulheres concretos“, acrescentou.

Júlia Pinheiro não pode queixar-se das fake news, dos negacionistas, dos populismos, da ascensão dos movimentos que desejam o fim da democracia e, ao mesmo tempo, tornar o seu programa num lugar onde a coberto da liberdade de expressão tudo é permitido. Não dá. Simplesmente, não dá“, rematou Luís Osório.

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