Manuel Luís Goucha deu uma grande entrevista à revista Notícias Magazine e abordou um período complicado da sua vida pessoal.
Entre 1993 e 1994, o apresentador conduziu um programa nos primórdios da TVI, “Momentos de Glória”: “De um momento para o outro passei a capa de revista. Para quem desde criança quis ser conhecido, isto é um deslumbramento. Estava, de facto, deslumbrado. É neste contexto que sou convidado pela TVI para um projeto megalómano, com um salário astronómico para a época”.
“O que me aconteceu? Aconteceu-me que não tive a humildade de dizer que não. Tinha 30 e muitos anos, mas faltava-me estrutura, arcaboiço cultural para entrevistar as grandes vedetas internacionais que vinham ao programa. Quem te manda a ti sapateiro tocar rabecão? Se soubesse o que sei hoje diria que não. Aliás, hoje faria aquele programa muito bem. Na altura, fui desancado pela crítica”, acrescentou.
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“Aí surge a depressão. Afinal não sou tão bom como diziam, afinal sou uma porcaria. Sofri durante um ano. Noites terríveis, passadas em branco, a tristeza era profunda, um estado de escuridão. Não haver ponta por onde se pega o resto da vida. Sofri até ao momento de voltar à estaca zero. Entender a minha angústia, a minha tristeza profunda, a dor que eu sentia. E que tinha a ver com o fracasso. Por alguma razão eu nunca esqueci uma crítica da Maria Filomena Mónica. ‘Tudo em Teresa Guilherme é autêntico e genuíno. Tudo em Manuel Luís Goucha é parvo, postiço e piroso.’. Mais tarde, numa entrevista que lhe fiz, agradeci-lhe. Foi o estaladão. Juntamente com a psicanálise, deu-me força. Tu não és mau, tu não és uma m*rda, vamos repensar tudo. E vamos começar do zero. Vamos repensar a vida, vamos repensar o caminho”, rematou.
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