Miguel Esteves Cardoso foi entrevistado por Manuel Luís Goucha para o programa “Goucha” desta quinta-feira, 28 de novembro.
O escritor destacou a importância da escrita e gostaria que “as pessoas que não escrevem, que é uma classe inteira que não escreve, que as pessoas que morrem e não fica nada delas, essas pessoas que escrevessem e que percebessem que é muito fácil escrever. Uma pessoa que fala, escreve, é muito fácil, é só preciso um bocadinho de ajuda”.
“As palavras leva-as o vento, nós falamos com as pessoas, podemos ter uma conversa até às 5 da manhã e no dia seguinte está tudo esquecido e escrever fica, aquilo fica. E o ficar não é só ficar para a história. Quando alguém tem um bocadinho para ler, vai buscar aquilo, então absorve de uma maneira que não absorveria numa conversa. Se eu deixar, por exemplo, vamos supor que eu só escrevo uma coisa na vida, deixo um postal com um envelope para dizer, dramático, ‘para abrir só depois da minha morte’. O dramatismo é muito importante na escrita”, acrescentou Miguel Esteves Cardoso.
“Tu sabes que a minha mãe fez isso? A minha mãe faleceu agora em agosto e deixou uma carta para nós, filhos, eu e o meu irmão, escrita há 21 anos. Uma declaração de amor. Ela que não sabia verbalizar o amor que tinha por nós. (…) E eu descobri uma mãe diferente daquela que eu tinha (…)”, retorquiu Manuel Luís Goucha.
O apresentador da TVI acabou por fazer uma revelação inédita: “Eu sempre coloquei uma questão à minha mãe, que eu acho que não sou filho do meu pai. E eu um dia disse ‘deixa escrito de quem é que eu sou filho’. Sou [filho] do meu pai… Não sei, ela não me falou disso. A minha mãe uma vez confidenciou que tinha traído o meu pai, porque o meu pai já a tinha traído várias vezes, e ela vingou-se com um violinista. (…) Afinal, não sei… Ainda é uma dúvida que paira na minha cabeça”. Vê aqui o vídeo.
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