Carla Andrino e a luta contra o cancro: “Fui direta para a aceitação. Era o que era. Agora, o que é que se faz com isto?”
“A felicidade não é um ser, é um estar (...) O balé deu-me tudo, até o amor da minha vida.”

Carla Andrino foi a mais recente convidada de Andreia Rodrigues no ‘Estamos em Casa’, e recordou a batalha quer enfrentou contra um cancro.
“Encontro-me sempre na verdade, no ser autêntica… olhar para o presente como um presente”, começou por dizer. A atriz abriu o coração sobre os momentos que marcaram a sua essência — a entrada no conservatório aos nove anos, os tempos com Mário Viegas, o primeiro amor e a maternidade. E sempre com uma certeza: “A felicidade não é um ser, é um estar (…) O balé deu-me tudo, até o amor da minha vida.”
Sobre o cancro da mama, um drama que viveu há uns anos, Carla falou abertamente, “Foi o momento da minha vida onde me senti mais forte. Mais poderosa.” Não há drama na sua voz, há resiliência e respeito. “Tenho demasiado respeito pelo cancro para tratá-lo por tu. Ele tinha uma palavra a dizer, e eu também.”
A frase do médico, “Você não vai morrer disto”, tornou-se o seu mantra. “Agarrei-me a isso como se fosse a minha verdade. E passou a ser a minha verdade.” Nesse processo, contou, não perdeu tempo com revoltas: “Fui direta para a aceitação. Era o que era. Agora, o que é que se faz com isto?” Terá sido esta atitude, revela, deve-se também à sua formação como psicóloga, embora, confessa, “não somos psicólogos de nós próprios.” Ainda assim, a consciência emocional e força de vontade, ajudou-a a alinhar forças e não se deixar tombar.
“Os médicos disseram que eu tinha de fazer os meus 50%, e eles faziam os outros 50%. Ainda pensei em negociar para os 51%, mas não deu.”
A fotografia com a filha Marta, tirada durante o tratamento, é para Carla das mais importantes da sua vida. “Estamos juntas. Sempre estivemos. E ficámos ainda mais.” Foi nesse tempo que percebeu, mais do que nunca, o valor do presente e da fé — “não a fé religiosa, mas a fé no acreditar.”