O Big Brother para Susana Dias Ramos: “Não há sororidade, nem irmandade. Há competição, insinuação e uma espécie de dança triste por atenção”
"É o peito de quem não se permite amar outra vez por medo de voltar a cair. Elas podiam ser cúmplices. Podiam ser escudo umas das outras."

Susana Dias Ramos analisou o BB Verão na revista Nova Gente, ela que já foi comentadora de galas e em estúdio.
“Há casas que se fecham com portas de ferro. E há outras que se trancam com silêncios”, começa por escrever na sua crónica. No centro da reflexão está a figura de um homem rodeado de várias mulheres. Segundo a psicóloga, ele [Afonso] não respeita, não cuida, nem demonstra afeto, mas continua a ser admirado e procurado pelas restantes concorrentes.
Para Susana, mais preocupante do que a postura dele é a ausência de empatia e apoio entre as mulheres. “Não há sororidade. Não há irmandade. Há competição, insinuação e uma espécie de dança triste por atenção”, afirma.
Ela acaba ainda por destacar uma mulher em particular, alguém que já teve uma relação com esse homem fora da casa, e que agora opta pelo silêncio e pela dignidade. “Ela está lá, mas já não dança”, observa Susana, elogiando a força de quem escolhe não se expor, mesmo quando o coração ainda carrega mágoas.
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CRONICA COMPLETA
Há casas que se fecham com portas de ferro. E há outras que se trancam com silêncios. O Big Brother é feito de muros altos, câmaras e microfones, mas há uma prisão muito mais densa ali dentro: a prisão dos sentimentos. Esta semana, vimos um homem rodeado de várias mulheres. Um homem que não respeita nenhuma, mas que, ironicamente, é seguido, admirado, procurado.
Não o vejo tratar bem. Não o vejo cuidar, muito menos amar. Mas também não vejo essas mulheres a amarem-se umas às outras. Não há sororidade. Não há irmandade. Há competição, insinuação e uma espécie de dança triste por atenção. Um ballet emocional onde todas perdem. E ele? Ele permanece no centro, seguro, intocável. Como se fosse ele o prémio. Como se ele valesse tudo isto.
Mas há uma mulher diferente. Uma que já esteve com ele. Que o conheceu noutra vida, fora destas paredes. Ela não grita, não expõe, não chora em frente a todos. Assiste. De cabeça erguida. Como quem sabe que já amou mais do que devia. Como quem já se magoou o suficiente para não se voltar a ajoelhar. Ela está lá, mas já não dança. Ela observa, em silêncio, o que é reviver um passado que ainda pulsa, mas que já não tem futuro. E essa, para mim, é a verdadeira coragem: a de não se vingar.
A de não se expor. A de se manter firme, mesmo quando o coração ainda arde. É fácil julgar quem grita, quem corre, quem se entrega à cena. Difícil é perceber que o maior cárcere nem sempre é a casa do BB. É o coração de quem já amou demais.
É o peito de quem não se permite amar outra vez por medo de voltar a cair. Elas podiam ser cúmplices. Podiam ser escudo umas das outras.
Mas estão demasiado ocupadas a lutar por um homem que não luta por nenhuma. E enquanto isso, a mulher que já o amou permanece ali… inteira. Ferida, talvez. Mas inteira. E eu, aqui de fora, só consigo pensar no quão cruel é assistir a mulheres que não se protegem entre si. E no quanto ainda temos de caminhar para aprender que o amor-próprio não se negocia. Nem num jogo. Nem na vida.