O Capitão que jogava pela família: A Última Homenagem a Jorge Costa por Luís Osório
Uma crónica comovente de Luís Osório lembra o lado mais humano de um dos maiores símbolos do FC Porto – o pai, o amigo, o homem.

Luis Osório escreveu ontem uma crónica no JN (Jornal de Notícias), que hoje partilhou ao público, em geral, nas suas redes sociais.
Jorge Costa. Foi este o tema, acompanhado por uma fotografia em família d’o Bicho, o capitão e pilar da equipa portista durante muitos anos, e que nos deixou esta semana inesperadamente aos 53 anos.
CRÓNICA
David, Guilherme e Salvador, um dia escrevi uma crónica em que criticava o vosso pai. Uma coisa sem importância, fora expulso num jogo em que era treinador, algo desse género. Nesse mesmo dia ligou um amigo comum… sabem o que me disse?
Que seria difícil eu encontrar uma pessoa tão generosa como o Jorge. Era um campeão, um dos maiores do país, um símbolo do FC. Porto. Ganhou tudo o que havia para ganhar, mas acreditem que nenhuma liga dos campeões foi mais importante do que cada um dos vossos abraços. Conquistou campeonatos atrás de campeonatos, deu tudo o que tinha, foi um capitão mítico e campeão do mundo, mas aposto que, na sua cabeça, era mais relevante provar-vos que valia a pena ser boa pessoa, que valia a pena a partilha da vida com gente de quem se gosta, independentemente de serem de um clube, de um partido ou de uma religião.
O vosso pai foi um enormíssimo jogador, mas o melhor dos seus golos foi o instante em que arriscou estar ao lado de André Villas Boas. Fê-lo por absoluta convicção e quando não existia garantia de coisa alguma. Deu o corpo às balas e só ele sabe (e talvez vocês) as pressões a que foi sujeito.
Na sua pele está o vosso nome tatuado. Três filhos a quem dedicou cada vitória, cada momento decisivo, cada prova de vida, cada uma das tantas lágrimas que nunca se importou de chorar. O vosso pai partiu e não vos deixou um número para onde ligar, um papel com uma morada, nada.
No entanto, cada um dos três tem uma vantagem a que mais ninguém poderá ambicionar: é que ele estará sempre aí.
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