Sofia Alves aos 52 anos, olha para trás e vê mais de três décadas de carreira a desfiar-se em memórias.

É impossível escolher uma só, como confessa, em entrevista à Revista Caras, mas os primeiros passos com Manoel de Oliveira, ainda muito jovem, foram um marco.

Depois veio a televisão, o teatro, e sobretudo o privilégio de ter cruzado caminho com diferentes gerações de atores, realizadores, técnicos e jornalistas. “Era uma miúda, ficava no meu canto a observar e a aprender”, recorda. Hoje, ainda em estúdio, esses momentos voltam-lhe muitas vezes à cabeça.

O que a move continua a ser a mesma centelha: a emoção de viver outras vidas. “Nunca aceitei um projeto pelo qual não estivesse apaixonada”, sublinha. Há papéis que brilham mais, outros menos, mas em todos encontra um caminho. E entrega-se de corpo inteiro. Quem a conhece sabe: quando está numa novela, pode trabalhar 18 horas por dia, 12 no estúdio e outras tantas em casa, mergulhada em guiões. No teatro, o processo é idêntico: o espetáculo não termina no palco, prolonga-se até à madrugada, numa repetição solitária, mas necessária.

Entre tantas personagens, diz que todas a transformaram, mesmo quando foi para aprender a não repetir-lhes os gestos. Prefere as de maior densidade dramática, as que exigem alma e coragem. E continua a encarar cada trabalho como se fosse o primeiro.

A atriz prepara agora o regresso à televisão, já em setembro, com um novo projeto na SIC. Ainda não pode revelar muito, mas garante que a personagem é fascinante e que a confiança em Daniel Oliveira, diretor de programas da estação, é total. Aos 53 anos, Sofia Alves fala como quem não perdeu nem a paixão, nem a curiosidade, e isso sente-se no brilho dos olhos.