“A tradição não é inimiga da modernidade”: a nova fase de Raquel Tavares
Aos olhos dos mais novos, já é uma veterana. Para ela, é apenas a prova de que a tradição continua viva.

Raquel Tavares à revista Activa, voltou a mostrar porque é uma das vozes mais queridas do fado, e também uma das mais conscientes do seu papel enquanto guardiã da tradição.
A fadista e atriz assume o seu compromisso com a cultura portuguesa, e não hesita: “Quer em relação ao fado, quer em relação às marchas populares. Acredito que todas as artes populares devem ‘sofrer’ a sua modernidade e atualizar-se, mas nunca nos podemos esquecer da raiz. Porque – se assim for – onde é que ficam os nossos antepassados, a nossa linguagem, a nossa história?”
Ainda explica a fase por que passou: “Eu tive uma fase mais contemporânea no que diz respeito ao fado, embora agora esteja a voltar ao fado tradicional, que é o que me apetece fazer. Porque é preciso voltar ao ‘berço’ para nos lembrarmos das origens.” Afasta qualquer tom maternalista: “Atenção, não quero nada ter um discurso maternalista! O fado está fantástico hoje em dia. Há miúdos novos a cantar, que são extraordinários.”
Raquel Tavares fala num movimento curioso nas novas gerações: “Houve uma geração que estava muito preocupada com a modernidade, a mudança, a inovação. Mas agora (a geração dos vinte e poucos anos) parece-me muito interessada na tradição. E isso dá-me um prazer enorme. Sinto-me muito bem a ouvi-los, em estar com eles.”
Admite ainda que já nota os anos, “Já me sinto uma idosa, porque alguns já me tratam por ‘você’. Agora eu sou a fadista antiga, a ‘dona Raquel’- É ternurento e é bom.” Ela que esteve 4 anos totalmente afastada da música, quer regressar em grande, “Pretendo voltar na maior plenitude, como artista e como fadista.”