Adriano Silva Martins em entrevista: “Sou a Madonna do social!” e garante que é “Sou jornalista, não um papagaio”
Do glamour real aos realitys: Adriano abre o jogo sobre fama, censura zero e star system da TVI. Entrevista exclusiva!
 
 Adriano Silva Martins, o rosto que saltou dos salões reais europeus para os estúdios quentes dos reality shows da TVI, não poupa palavras quando fala do Portugal das celebridades.
Chegado há pouco mais de um ano, o jornalista, especialista em monarquias e agora apresentador do V+ Fama – traça um retrato cru da evolução do social por cá, “Nós passámos de uma Kiki Espírito Santo para uma Vera Santos de um reality show”, diz, e atira, “Tu perguntas na rua quem é a Kiki, que era uma das mulheres mais ricas e elegantes de Portugal, uma das maiores socialites portuguesas, e muito pouca gente vai saber, mas Vera Santos toda a gente sabe. É um social completamente diferente.”
A TVI, essa “máquina de criar estrelas”, é o epicentro dessa mudança, “A televisão em Portugal tem um enorme peso e a TVI é uma máquina de criar estrelas, às vezes do nada, tanto de reality shows como apresentadores de televisão. Não há nenhum outro canal em Portugal com o star system que tem a TVI. Temos uma Maria Cerqueira Gomes, uma Cristina Ferreira, uma Maria Botelho Moniz, um Cláudio Ramos, um Manuel Luís Goucha. Um leque que são capa de revista todas as semanas.” Foi esse ecosistema que o atraiu? Adriano não hesita: o convite de Cristina Ferreira foi irresistível, mas avisa para os céticos, “Isso é uma faca de dois gumes, porque muita gente dizia que vinha para cá e não podia falar dos famosos do canal. Há uma ingenuidade nas pessoas que acham que aqui há um lápis azul que te censura, que faz com quem não possas falar. A realidade é que, quando a Cristina [Ferreira] é notícia, é falada no V+ Fama.”
Censura? Nem sombra! “Mas nunca se sentiu castrado ao comentar nenhum tipo de notícia? Aqui? Nunca. E nunca houve nenhuma situação desagradável por comentar alguém do canal? Sim, mas a realidade é a realidade. Sou jornalista, não um papagaio que está à frente de uma câmara a falar sobre assuntos banais.”
O que parece futilidade – casamentos, divórcios, batizados – é tratado com pinças, “Esta pode ser a imagem que muita gente tem, porque é um programa de futilidades, mas a verdade é que a futilidade faz parte da vida. Nós temos o cuidado de, por exemplo, quando avançamos com uma notícia, se não temos a informação toda, ligamos à pessoa ou a uma fonte próxima, e temos o cuidado de avisar sobre o que vai acontecer.” E compara sem rodeios: “Leva o jornalismo social com a mesma seriedade que levaria o de política? Absolutamente, porque tem de ser sério. Nós não podemos brincar com a vida privada das pessoas. É uma coisa que pode parecer banal, como casamentos, divórcios, batizados, crises nas relações, mas são vidas. Por isso, temos de ter o mesmo cuidado e o mesmo respeito pelas pessoas de quem falamos, seja ele o primeiro-ministro ou uma socialite.”
A família, essa âncora discreta, influenciou a vinda para Lisboa, “São pessoas que convivem comigo há 43 anos e que me viram crescer. Eu sempre disse aquilo que queria fazer. Quando era miúdo, quis ser juiz ou diplomata, mas o jornalismo também era uma das possibilidades. Olham para mim com orgulho, mas a minha família não liga absolutamente nada a este mundo. Isto é um trabalho e, provavelmente, não será para sempre. Porque quem achar que vem para aqui e tem uma cadeira cosida ao corpo, é meio caminho andado para que a cadeira se descosa.” Receio do fim? Zero. “Não penso nisso. Se amanhã acabar, a primeira coisa que eu faço é subir ao gabinete do Hugo Andrade, dar-lhe um aperto de mão e dizer-lhe “obrigado”, porque foi uma grande oportunidade, uma coisa maravilhosa. Foi aquilo que eu queria fazer e, se acabar, vou com as minhas ovelhas para a Chamusca e acabou.” Adaptação? É o seu superpoder. “Sempre, sou a Madonna do social [risos].”
Da realeza para os realitys, o salto foi inesperado, mas bem-vindo. “Especialista em realeza, agora comentador de reality shows. Como é que está a ser esta fase? Não era uma coisa que estivesse à espera. Mas quando surgiu o convite para o Big Brother Verão, e como era com celebridades, fez sentido. Sabia perfeitamente que era um programa com imensa visibilidade, com um público que fervorosamente segue este tipo de formatos. Achei que era o abrir de mais uma porta, mais uma janela para que as pessoas me conheçam, e juntei o útil ao agradável. Qual é que foi o meu espanto? Gostei muito e surpreendeu-me pela positiva. Agora, com o Secret Story já não há famosos. Bom, eles agora já são famosos, mas ao princípio eram anónimos [risos].”
Visibilidade traz aplausos e pedradas, “Deve ter começado a receber mais comentários… bons e maus. As duas coisas, claro, porque tenho mais visibilidade, estou mais exposto. Como lida com as críticas? Lido superbem. Claro que recebo ataques, porque isto é um programa de claques. Se eu fosse comentador desportivo, ia ser atacado pelos adeptos do clube. E este paralelismo é muito real. Se um dia criticas um concorrente, vais ser atacado. Muitas vezes, as pessoas veem e ouvem aquilo que querem. No outro dia, fui atacado por uma pessoa porque estava a falar de uma coisa que eu tinha dito completamente o contrário. Sabes como é que acabou a conversa? Com esta pessoa a convidar-me para ir ao Porto, porque também canta e tinha todo o gosto em que eu fosse vê-la.”
Proximidade? É o que o move, “Gosta dessa proximidade com as pessoas? Gosto da proximidade e do reconhecimento. Independentemente de gostarem mais ou menos do estilo, é bom saber que aquela pessoa perdeu um pouco do seu tempo para ver o nosso trabalho. E depois, as pessoas que nos abordam na rua, 99,9% é para dizer o quão positivo e o quão gostam de ti. Nas redes sociais, a história é outra.”
