
O julgamento que opõe a dupla Anjos (Nelson e Sérgio Rosado) a Joana Marques arrancou no passado dia 17 de junho.
Na origem do processo está uma publicação de Joana Marques nas redes sociais, em abril de 2022, em que satirizava a controversa interpretação do hino nacional por parte dos Anjos, antes de uma prova de Moto GP em Portimão, marcada por problemas técnicos, em comparação com a expulsão de um concorrente do “Ídolos”. “Será que foi para isto que se fez o 25 de abril?”, escreveu na legenda. Nelson e Sérgio Rosado exigem mais de 1 milhão de euros de indemnização.
Esta sexta-feira, 20 de junho, no programa “Prova Oral”, da Antena 3, em conversa com o locutor Fernando Alvim, Valter Hugo Mãe deu o seu parecer sobre o assunto: “Eu gosto muito de ouvir a Joana Marques. Conheço-a muitíssimo mal, cumprimentei-a duas vezes. Admiro profundamente o trabalho dela. (…) Eu acho que não está em causa o torpe das pessoas. Não é que ela esteja a mapear a cidadania torpe. Eu acho é que ela faz um mapeamento do quanto podemos falhar ou do quanto nos precipitamos com o que dizemos. Seguramente, se ela ouvisse as minhas entrevistas haveria de ter um banquete com a minha pessoa e todos nós dizemos coisas que enfim, ou que são precipitadas ou mal pensadas ou pouco pensadas ou podem ser pensadas de outra forma, mesmo que dentro do nosso universo elas façam todo o sentido”, começou por dizer.
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“E acho muito triste os Anjos, eu não os conheço de lado nenhum, sei que têm algumas canções conhecidas que foram populares, mas acho um tiro no pé porque, de facto eu próprio exijo o direito de poder dizer que me parece que a maneira como cantaram o Hino Nacional é horrenda, há umas variações, fazem ali umas mudanças na melodia e de facto dizem ‘igreijos’ avós, é aquilo que eu ouço (…) Eu acho um desastre, eu acho que eles estão a fazer um desastre à carreira deles. Quem gostar muito deles vai ser um bocadinho como o futebol, vai ser assim uma coisa meio profissão de fé: quem for fã, quem for admirador da música deles eventualmente vai querer encontrar neles uma razão profunda, mas todos nós que estamos expostos, que temos um trabalho minimamente levado ao público, todos nós vivemos de um juízo permanente ou num juízo permanente. (…)”, acrescentou.
O escritor acha que os Anjos “estão a cavar uma sepultura muito, muito, muito funda” e espera que “a Joana seja reconhecida sobretudo em prol da liberdade de expressão porque ela não revelou nenhum segredo, não inventou nada, a coisa é plana, o que ela mostra foi o que eles fizeram e se ela se riu daquilo eles têm de aprender que até uma interpretação do Hino Nacional pode ser cómica, pode ser falha”.
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