António Capelo acusado de “namorar com homem casado”, nega ser gay. Envolvido em tráfico de cocaína no passado, refugia-se em casa e desmente “assédio sexual a menores”
O DIOGUINHO avançou em primeira mão que a personagem do ator, o vilão e patriarca dos Terra Forte, será assassinado.

Esta não é a primeira vez que o ex-ator da TVI está envolvido em escândalos. Ao longo dos tempos, a sua elogiada carreira na representação foi superior aos rumores.
Porém, desta vez e com tantas mensagens e depois de supostas vítimas terem vindo a público revelar o assédio, o caso tomou proporções graves e a estação, bem como a produtora Plural, decidiram afastar o vilão de ‘Terra Forte’ da novela, cuja estreia está marcada para a noite da próxima segunda-feira, 20 de Outubro.
Em tempos, Capelo foi apanhado de surpresa pelo boato, revelado na Wikipédia, que mantinha uma relação com um colega da escola de teatro, a ACE no Porto, de onde também já saiu motivado pela polémica. Acerca do alegado namorado, António respondeu que “não é verdade, não sou gay”. “É alguém a gozar. O João é um homem casado e com dois filhos, com quem eu trabalho há 30 e tal anos e que também pertence à minha escola. Até lhe vou dizer. Quem é que se dá ao trabalho de fazer isso?”, referiu na altura à imprensa.
Mais tarde, esteve envolvido como testemunha num processo de tráfico de cocaína. O arguido, Gustavo Sampaio, de 21 anos, apresentado em tribunal como estudante e ator, “terá alegadamente recebido pelo correio uma encomenda vinda do Brasil com um par de chinelos Havaianas, cinco frascos que continham 1325 gramas de cocaína líquida e ainda um pacote de óleo de amêndoas doces, tudo embrulhado em papel químico”. O pacote foi vistoriado pelo Centro de Distribuição Postal de Lisboa e o jovem foi detido no Porto, quando procedia ao levantamento da encomenda.
Gustavo Sampaio, amigo próximo de António Capelo, foi julgado no Tribunal de S. João Novo, no Porto, onde terá afirmado que a encomenda havia sido feita por um primo, mas enviada em seu nome. Esse primo, cadastrado por tráfico de droga, não compareceu à audiência. O jovem ficou detido no Estabelecimento Prisional de Leiria.
Em gravações há mais de três meses entre exteriores nos Açores, Brasil e nos estúdios da produtora Plural, a fábrica da ficção da TVI, ‘Terra Forte’ não começou da melhor forma.
Depois da troca de Nuno Homem de Sá por Ricardo Carriço, imediatamente após a saída da acusação do Ministério Público de violência doméstica contra a ex-namorada, foram divulgadas no Instagram muitas denúncias de assédio e abuso sexual contra António Capelo, o que já o levou a deixar a direção da ACE, escola de teatro do Porto, e a cancelar uma peça, um monólogo, que deveria ter subido a palco a 4 de Outubro.
Em relação à novela, a história é outra. A personagem do veterano ator, de 69 anos, dá nome à trama: Manuel Terra Forte, o mau da fita. Ao contrário de Homem de Sá, havia poucas cenas para regravar, e isso era exequível em termos de produção, já que Carriço tem estado a trabalhar a todo o gás.
No caso de Capelo, os contornos são outros e muito mais complicados. Para além de já ter filmado em exteriores, não sendo possível repetir por ser algo incomportável em termos orçamentais, a personagem é fulcral e já existem muitas cenas rodadas.
Por isso, a TVI, de acordo também com fontes próximas da equipa de técnicos e autores, já decidiu o futuro de Manuel Terra Forte. Numa iniciativa que costuma dar grandes audiências às novelas, o recurso do “Quem matou?” vai ser a solução.

Explique-se. Maria de Fátima (Rita Pereira) fez com que a família de Flor (Benedita Pereira), que ela mandou matar há 20 anos, a adotasse, casou com o noivo da melhor amiga e tornou-se na herdeira do grupo Açoreano, que controla a maior frota pesqueira do país e é uma das famílias mais ricas.
Para chegar ali, Maria de Fátima teve de sujar muito as mãos, coisa que ninguém imagina. Não só o acidente em alto-mar, que todos julgam ter provocado a morte a Flor, foi causado por Maria de Fátima, com a intenção de não só ficar com o noivo da amiga, por quem se apaixonou, como também de ocupar o lugar vago deixado pela morte da amiga na família Terra Forte.
Da mesma forma, a morte da progenitora de Maria de Fátima tem o seu dedo: para ser adotada ela precisava virar uma órfã digna de pena dos antigos patrões da sua mãe. E para dar o devido “incentivo” à família Terra Forte para seguir com a ideia de adotar uma mulher já adulta, ela manteve um caso com o patriarca Manuel Terra Forte (António Capelo), pai da melhor amiga, que impôs a sua vontade à mulher, mãe de Flor, que era contra.
Isto só é possível porque Manuel Terra Forte, obcecado pela ideia de manter uma dinastia familiar, usa Maria de Fátima, que era jovem ao contrário da sua mulher, para ter novos filhos que serão, sim, na sua cabeça, os seus futuros herdeiros. Usou, para isso, como cobertura, o casamento desta com Sammy (José Fidalgo), o antigo noivo da filha, filho do homem a quem roubou tudo. Uma maneira de manter a paz entre as famílias, depois dos dois lados terem perdido um filho por causa da guerra que se criou entre as partes. Ninguém sonha com a verdade sobre os futuros três herdeiros do império da família.
Até que Manuel Terra Forte será assassinado. Motivos e gente a quererem vê-lo morto não faltam. E, desta forma, o ator sai do enredo.
Entretanto, soube-se hoje que a Associação ‘Quebrar o Silêncio’ quer que antes de cada episódio, a TVI introduza uma “advertência informativa, acompanhada dos contactos das organizações de apoio especializadas”.

Tendo em conta as denúncias públicas contra o ator, o Observador teve acesso a um comunicado onde se alega que António Capelo, em horário nobre, na televisão nacional, “poderá afetar profundamente sobreviventes de violência sexual, desencadeando mal-estar, revivência de memórias traumáticas e sentimentos de invalidação das suas vozes e denúncias”.
A ‘Quebrar o Silêncio’ compreende que a exibição da telenovela Terra Forte faça parte da grelha televisiva e reconhece que as acusações se tornaram públicas apenas recentemente. No entanto, precisamente por essa razão, considera fundamental que o grupo Media Capital — através da Plural Entertainment e da TVI — introduza uma advertência informativa antes de cada episódio, acompanhada dos contactos das organizações de apoio especializadas. Trata-se de uma prática já adotada em vários países e que constitui um sinal de responsabilidade e compromisso social”.
“Este gesto simples, mas essencial, demonstra respeito pelas vítimas e contribui para uma cultura mediática mais consciente e responsável”. Ângelo Fernandes, fundador e presidente da referida associação, confirmou que receberam relatos de “vítimas relacionadas com este caso”.

