Audiências sim, qualidade nem por isso: Teresa Guilherme desmonta estratégia da TVI
A veterana diz que os programas já não mostram pessoas, mas “pessoas em estado de tensão permanente”.
A apresentadora Teresa Guilherme voltou a refletir sobre o rumo atual dos reality shows da TVI, um formato que ela ajudou a popularizar em Portugal.
Numa conversa marcada por nostalgia e crítica construtiva, Teresa lamenta que o formato tenha sido orientado sobretudo para o conflito e para a tensão permanente entre concorrentes.
“As pessoas continuam a ver, continuam a ter audiências, mas pelos piores motivos”, reconhece. Segundo a apresentadora da CMTV, o foco excessivo na violência emocional e nos confrontos retirou espaço a outras dimensões do jogo: “É sempre pela violência, pelo confronto e há espaço para outras coisas nestes programas que, em teoria, espelham o dia a dia, num concurso debaixo de stress.”
Teresa sublinha que a convivência num ambiente fechado altera o comportamento dos participantes: “Não são as próprias pessoas, são as pessoas em stress.” Para ela, a exploração constante dessa tensão empobrece o formato e desumaniza quem participa. “Dá-me pena que seja só explorada essa parte e até instigada”, afirma.
A figura central de vários “Big Brother” recorda com saudade os tempos em que o programa permitia humor, leveza e momentos de cumplicidade entre concorrentes e produção. “Havia sempre momentos de humor, que eram, na verdade, para beneficiar os concorrentes.” E recorda, divertida, uma das muitas partidas preparadas nos bastidores: “Nunca vou esquecer uma partida que pregámos ao Daniel Gregório, em que arranjámos um ator para fingir ser o namorado da Liliana [Filipa].”
Teresa Guilherme defende que ainda há espaço para um reality show que privilegie humanidade, espontaneidade e jogo social. “Não me canso de dizer isto há 25 anos”, remata, deixando no ar a ideia de que o género pode (e talvez deva) reencontrar o equilíbrio perdido.