Big Brother Verão – Quem brilhou, quem falhou e quem merece voltar: Crónica de um verão intenso
Maria Botelho Moniz brilhou, e eis o verdadeiro balanço do BB Verão do DIOGUINHO!

O Big Brother Verão foi um autêntico refresh a vários níveis, desde os comentadores à estreia de Maria Botelho Moniz na condução de reality shows.
Quanto a Maria Botelho Moniz, não há muito a dizer, mas seria injusto não dedicar-lhe algumas palavras: ela adora reality shows, é uma ótima comunicadora e o público adora-a. O que poderíamos querer mais?
É certo que esteve nervosa em alguns momentos e não soube gerir duas ou três situações mais tensas em direto, mas só nos lembramos disso porque aqui estou a referir. Mesmo quando mostra empatia, carinho ou comoção, não soa forçado ou teatral: é genuíno.
O público, que já anda há muito tempo nisto e até está farto de alguns falsos moralistas — que mais parecem as beatas pecadoras que batem no peito ao fim de semana no altar da igreja — sabe distinguir com clareza e requinte a verdade.
Resta saber se Maria Botelho Moniz vai ser (novamente) colocada na prateleira e se não terá servido apenas para “tapar” um buraco de verão. Até porque, segundo a imprensa, ela não foi a primeira escolha para este projeto.
Ainda assim, provou, mesmo aos que tinham dúvidas, que é a (futura e) verdadeira rainha dos reality shows, aquela que poderá herdar o legado de Teresa Guilherme. Até porque “o povo é quem mais ordena”, já dizia Zeca Afonso na lendária Grândola, Vila Morena, e espero que a vontade do público seja respeitada.
APRESENTADORES
Neste refresh de verão, tivemos uma boa escolha nos comentadores residentes e na maioria dos «convidados», mas vou começar por quem conduziu as emissões do Última Hora, Diário e Extra.
Nuno Eiró começou logo na primeira semana a conduzir as emissões ao final da tarde, e eu detestei. Andava perdido, sem sentido a conduzir as conversas e perguntas, demasiado opinativo. Mas rapidamente saiu de antena — julgo que entrou de férias. Abençoada a hora.
Iva Domingues ficou no seu lugar: alguém que já tem ‘estaleca’ neste tipo de formato, portanto uma aposta certa e que já se sabia que seria 100% segura.
Contudo, regressado da pausa, parecia que tinha sido encarnado pelo icónico Alexandrino e entrou autenticamente “Firme e Hirto Com Uma Barra de Ferro”, conduzindo as emissões com classe. Jamais proferi um comentário negativo e agora, se o quisessem tirar do ar, até eu ia reclamar com a estação de Queluz de Baixo.
Marta Cardoso conduziu os Extras ao final da noite, mas não há nada a dizer porque já todos sabemos que é das melhores no formato: tem paciência e empatia para lidar com os comentadores mais complicados e merecia uma medalha. Fica a dica.
COMENTADORES
Nesta edição, a TVI tomou uma decisão acertada ao mudar o painel de comentadores. Era necessário: neste campeonato existem muitos vícios, e são precisas mudanças definitivas (perceberam a dica?).
Além de dar descanso a algumas caras que deveriam ser definitivamente desligadas, foram buscar três nomes ao V+ TVI, mais concretamente ao programa de social V+ Fama — e desta forma serviu também como promoção em modo 2 em 1. Nem o apresentador escapou, e em boa hora.
Começo pelo Adriano Silva Martins, que não é um consumidor de reality shows, mas foi o que teve maior e melhor desempenho. Surpreendeu, não só pela sua capacidade, mas também porque esteve em todas as frentes: V+ Fama (apresentação e coordenação), Extras, Dois às 10 e ainda ao final da tarde. Chegou a estar em três blocos diários.
Apesar de estar numa “praia” que não é a sua, quem não soubesse nem iria perceber que era estreante, porque se empenhou [não fosse ele virginiano] como se não houvesse amanhã. Com aquele humor mordaz, trocadilhos inteligentes, dando até algumas lições históricas — da política à música — não soa forçado, não criou um boneco e o público adora-o.
Mais que uma figura adorada por este público [complicado, por sinal], mesmo para quem está na área da produção de conteúdos, as suas análises, tanto em quantidade como em qualidade, são mel — daquele gourmet.
Aliás, por esse motivo, Adriano foi amplamente requisitado pela TVI, tanto para os programas do BB como para estar presente diversas vezes no matutino da estação de Queluz de Baixo. Apenas deverá ser-lhe dada uma semana de “férias” antes de transitar para a Casa dos Segredos 9; caso contrário, será um erro de quem manda nisto, mas já lá vamos.
Inês Morais, a jovem de Viseu que em apenas um ano venceu dois RS, tornou-se residente neste BB Verão como comentadora. Não surpreendeu, porque já todos sabemos como é: atenta, sem medo de “mimimimi”, mas teve azar com quem partilhou estúdio em muitos momentos. É outro nome que deveria transitar.
Atrevo-me a dizer que estes dois nomes deveriam estar presentes em estúdio para comentar as galas, estando [principalmente o Adriano] menos vezes em antena durante a semana, tanto por gestão de imagem como pelo cansaço acumulado. Além disso, começar um RS de anónimos exige mais tempo e atenção para analisar ao detalhe. Deu para perceber a lógica.
O top 3 é encerrado por Isabel Figueira, uma figura calma, mas sempre com aquele estilo assertivo, inteligente e maduro. Já no V+ Fama era assim, e neste formato apenas deu continuidade ao bom trabalho. Aliás, quando saiu Jaciara do V+ Fama (graças a Deus!!), a sua entrada foi um verdadeiro “xeque-mate”.
Marta Gil poderia estar no top 3; só não acontece porque não é novata no papel e acabou ultrapassada pela estreante Isabel. A atriz é aquela comentadora que me enerva, mas depois gosto dela; que é chata, mas depois é assertiva e gosto dela. Tem sempre uma boa visão de jogo, por vezes dura nas análises e palavras, mas não entra no comboio das narrativas por medo de fãs ou de levar hate.
Deixo ainda uma nota para António Leal e Silva, que anda em várias frentes (V+ Fama, Funtástico e BB Verão).
Até começou bem, mas perdeu-se um pouco: parecia cansado, meio desalinhado, pouco entusiasmado, mas melhorou nesta reta final.
Não desgosto do António, mas está a ficar com a imagem cansada. O BB é um registo diferente no qual não se soube adaptar muito bem (nem acho que se identifique), e confesso que não sei se RS será verdadeiramente a praia dele. Faltou-lhe jogo de cintura para lidar com fãs, com as guerras e poluição que daí resultam.
Raquel Loureiro foi um dos nomes que contestei quando soube que estava no lote de comentadores — gritei cá por dentro: “o que faz ela aqui?”. Mas acabou por crescer, fez um trabalho mediano, uns pontos acima da média aceitável, sempre em crescendo. É um nome grande… para suplente.
Outra surpresa neste BB Verão: além de Catarina Miranda, que veio da CMTV, tivemos ainda o comentador Cândido Pereira, vindo da mesma escola. O algarvio até começou bem, mas rapidamente resvalou para o perfil de anti-Miranda. E não é pura embirração: é factual. Apesar de ele “gritar aos céus e à lua” que «é só a minha opinião», ninguém é cego nem, principalmente, surdo.
Cândido, com o seu famoso “migas”, acabou por ter vários momentos tensos com diferentes comentadores, em que parecia que já ninguém já tinha paciência.
Só não foi pior pela generosidade de Marta Cardoso e Nuno Eiró e, claro, de vários colegas de painel. Todos em estúdio precisam de perceber que aquelas peixeiradas não passam de momentos televisivos de rating “CCC”.
Apenas isso. Para quem acompanha, profissionalmente ou não, é péssimo: uns falam por cima dos outros, aos berros, dizem muito, mas dizem pouco. Produtividade: zero. Foi por isso (e não só) que deixei de assistir aos Extras — mas isso fica para mais tarde.
CASTING
Quanto ao BB Verão em si, tivemos um casting bastante equilibrado. Apesar de algumas “plantas”, houve concorrentes de peso, polémicos, que deram audiência após um BB 2025 menos conseguido.
Todos sabemos que a TVI está muito alavancada nos reality shows e estava a perder terreno para a SIC. Conseguiu um balão de oxigénio: já vai vencendo algumas vezes, mas precisa de mais. A Casa dos Segredos 9 tem de ser tão impactante quanto este BB Verão.
O problema da TVI é voltar a pecar em regras e decisões pouco ou nada equitativas. Além disso, permitiu novamente que alguns concorrentes se envolvessem em agressões psicológicas — que chamam de jogo — e andam a normalizar esses comportamentos. É o que é.
O “novo” Big não esteve mal, mas recordo-me de ter-lhe dado cartão vermelho duas ou três vezes, quando passou a imagem de «posso, quero e mando». Mas é mais divertido — não fosse ele humorista. Gostei, Carlos.
E como o texto já vai longo (embora muito mais pudesse ser dito), a TVI conseguiu aqui um produto bem conseguido. Fizeram-me voltar a ver Extras após três ou quatro edições (ou mais) em que desisti, e voltar a apreciar comentadores sem guerras nem campanhas pessoais. Senti um ambiente saudável.
Obrigado.