Cristiano Ronaldo: Manchester United: “É triste ver o clube assim” e quase foi jogador do Arsenal
Em entrevista a Piers Morgan, Ronaldo fala do Manchester United, do Arsenal e da sua vida na Arábia Saudita, mantendo tom honesto e pessoal.
Cristiano Ronaldo volta a sentar-se diante de Piers Morgan para aquela que é anunciada como a conversa mais pessoal de sempre entre ambos.
O apresentador britânico, com quem o internacional português mantém uma amizade de longa data, descreve esta entrevista como “a mais íntima” que já realizou com o capitão da Seleção Nacional.
Em Riade, no que Cristiano Ronaldo chama de “casa” desde a transferência para o Al-Nassr, Piers Morgan reencontra o internacional português para mais uma conversa que, como de costume, promete honestidade crua, “Eu entrevisto-te a cada três anos e sempre parece que se passou uma vida”, provoca o jornalista. Ronaldo sorri, “Nunca parei para pensar nisso, mas tens razão. A minha vida é uma loucura”.
Cristiano assegura, com meia ironia, que desta vez seria “um bom homem”, até porque já tinha prometido isso a Georgina. Morgan não tarda a duvidar: “Achas que vais manter essa promessa?”. “Hoje sim”, responde.
Entre memórias e provocações, surge o tema que ainda atormenta o entrevistador: Cristiano quase foi jogador do Arsenal. “Tudo estava feito”, recorda Morgan. Ronaldo confirma, “É verdade. Estive quase lá. Mas o passado é o passado. E, sinceramente, quando olho para o Arsenal, vejo um rival. Não posso dizer que tenho paixão, mas gosto quando ganham por causa dessa história”.
A conversa segue até ao momento atual da Premier League e surge a pergunta inevitável: pode o Arsenal ser campeão? Cristiano dá esperança aos adeptos londrinos, mesmo que com moderação: “Pode acontecer. A Liga é muito competitiva. Mas o Manchester United não vai ganhar, isso é certo. Estão muito atrás. O Arsenal? Provavelmente”.
Manchester United: “É triste ver o clube assim”
Se há tema que ainda toca Ronaldo, é o Manchester United. O tom muda, “Fico triste. É um dos clubes mais importantes do mundo e ainda está no meu coração. Mas temos de ser honestos: não estão num bom caminho”.
Sem meias-palavras, o avançado aponta para a falta de visão estrutural, “Faltam decisões inteligentes para preparar o futuro, como o clube tinha antes: Beckham, Giggs, Scholes, Roy Keane… Grandes jogadores, mas com base na formação e na estrutura. Hoje, falta isso”.
Sobre Rúben Amorim, agora treinador da equipa: “Ele faz o melhor que pode. Mas milagres só em Fátima”, atira, com humor português. “O United tem bons jogadores, mas alguns não têm mentalidade para perceber o que é o Manchester United”.
Morgan lembra o título atribuído pela Bloomberg: Cristiano Ronaldo tornou-se o primeiro futebolista bilionário. O português não parece surpreendido: “Eu sabia que iria acontecer. Era um objectivo. Como ganhar a Bola de Ouro. Como ganhar a Champions”.
Mas faz uma ressalva, “Quando chegas a um certo nível, o dinheiro deixa de ser o mais importante. É bom ter, claro, porque somos humanos e nunca estamos totalmente satisfeitos. Mas há coisas mais importantes”.
Ainda assim, admite que foi um momento especial: “Fiquei orgulhoso. Era um objectivo meu, no lado empresarial”. Morgan confirma: no futebol, Cristiano é o único. Ronaldo encolhe os ombros, num gesto de quem está habituado ao peso da exceção: “Os números não mentem. É só mais um recorde”.