Defesa de Frederica Lima critica falhas da Justiça e promete avançar com novos passos processuais
“A justiça falhou. Se tivesse sido decretada logo, não teria acontecido o que aconteceu no domingo."

À saída do tribunal, os advogados de Frederica Lima não pouparam nas palavras e nas críticas. Embora evitando detalhes sobre o que se passou dentro da sala, deixaram claro que a luta judicial está longe de terminar e que os próximos dias vão ser decisivos.
“Não vamos falar do que é que aconteceu lá dentro. A medida mantém-se, mas vamos ver agora outros passos que, naturalmente, a juíza vai determinar”, começou por dizer o advogado Pedro Nogueira Simões, sublinhando que não espera um agravamento das medidas aplicadas.
Já a sua colega, a advogada Carla Ilharco, mostrou-se confiante de que a Justiça seguirá outro rumo: “A minha expectativa é que isso aconteça, obviamente. E acredito que vai acontecer. Quero crer que sim. Até à última quero crer que sim. Se isso não acontecer, temos expedientes para reclamar disso, e vamos usá-los, com certeza.”
Entre esses expedientes está o pedido de abertura de instrução, sobretudo em relação a factos que, na visão da defesa, não podem ficar de fora. Houve, recorde-se, um arquivamento parcial relativamente a dois pontos, um deles particularmente sensível: a acusação de violação.
“Quanto a nós, esse é realmente um dos crimes que tem que ser trazido a juízo e vamos requerer a abertura da instrução relativamente a esse facto. Eu estou sempre expectante de que a Justiça funcione. Sempre. Até à última. Sem presunção”, afirmou Ilharco.
Outro ponto levantado foi a alegada perseguição de que Frederica terá sido alvo. A defesa garante que há provas suficientes para sustentar essa acusação, mesmo que do outro lado se negue tudo: “Foi, de facto, vítima. Aliás, o senhor Nuno Homem de Sá esquece que as autoestradas são filmadas, 24 sobre 24 horas, milhões de carros, e que as estações de serviço também estão a filmar 24 sobre 24 horas. Temos testemunhas. Até máquinas de visão auto-ordenada nós temos.”
Apesar disso, a advogada lembrou que, até agora, Frederica ficou sem qualquer proteção — algo que, para Pedro Nogueira Simões, é grave: “Estamos há dois anos nesta situação. E não digo só para a Frederica, digo para todas as pessoas que passam por isto. Não é uma boa mensagem a que se está a passar sobre o combate a este tipo de crime.”
A acusação que recai sobre Nuno Homem de Sá inclui, segundo a defesa, “quase 400 factos”, mas nem assim foi decretada de imediato uma medida de coação. “A justiça falhou. Se tivesse sido decretada logo, não teria acontecido o que aconteceu no domingo. Não teríamos tido aqui uma situação em que se atentasse contra a vida, não só da vítima, mas de todos os utentes de uma autoestrada”, criticou Ilharco.