Eduardo Torgal revela bastidores do ‘A Minha Mãe com o Teu Pai’ e como se sentiu no projecto
Eduardo Torgal partilha experiências e emoções vividas em A Minha Mãe com o Teu Pai, destacando o impacto das relações e das dinâmicas familiares.
Eduardo Torgal, rosto já familiar na leitura do comportamento humano e das dinâmicas afetivas, em vários programas de televisão, principalmente na SIC e abraçou recentemente um novo desafio.
O especialista em relações integrou o elenco de “A Minha Mãe com o Teu Pai”, formato conduzido por Júlia Pinheiro, onde voltou a surpreender pela sensibilidade e pela capacidade de mediar gerações.
Em declarações à TV 7 Dias, descreveu esta participação como “uma experiência surpreendente a todos os níveis”. Segundo afirmou, “neste formato os pais entram numa experiência de relacionamento onde os filhos têm um papel muito ativo, há aqui uma dinâmica entre gerações super interessante”. O psicólogo acrescentou ainda que, por vezes, acabou por servir “como interlocutor dos filhos e conselheiro dos pais, e foi interessante estar no meio de dois mundos que falam linguagens diferentes”. Da parceria com a apresentadora, destacou que “o trabalho com a Júlia Pinheiro foi super fluído e enriquecedor”.
Ao longo das gravações, Torgal notou uma notável evolução no comportamento dos participantes mais jovens. “Foi muito interessante observar o desenvolvimento deles”, revelou, lembrando que começaram mais reservados, mas rapidamente se abriram ao processo. Para o especialista, a experiência trouxe também momentos de aprendizagem. “Foi super divertido e, ao mesmo tempo, super didático, porque muitos filhos acreditam que os pais não têm vida depois do fim de uma relação prolongada. Pensam que, por serem adultos, já não há espaço para recomeços.”
O programa veio contrariar essa ideia. Como sublinhou, “os pais continuam a ser pessoas ativas, à procura do amor, com as suas fragilidades, inseguranças e com as suas experiências a marcarem as suas decisões no dia a dia”. No seu entender, foi “uma oportunidade de crescer de parte a parte”.
Com larga experiência a acompanhar histórias de vida, Eduardo Torgal refletiu também sobre o impacto da idade nas relações amorosas. “A partir dos 40, cada relação que termina de forma drástica ou marcante afasta-nos da ilusão de que o amor é algo simples e que pode funcionar sem esforço pessoal”, disse. E aprofundou a análise: “Por um lado, temos pessoas mais conscientes, com maior auto-observação. Por outro, há quem tenha sido profundamente marcado pelas suas relações anteriores, pelo fim drástico das suas relações, e que os deixa muito menos disponíveis para arriscar, para se permitir amar e ser amados.”
Nem todas as histórias que surgiram no programa foram fáceis. Entre elas, destacaram-se as de duas concorrentes que enviuvaram após o suicídio dos maridos. Torgal reconheceu a delicadeza destes casos. “São sempre momentos muito sensíveis. Ninguém está preparado para terminar uma relação da forma como estas duas participantes terminaram. O choque, o inesperado, o fim de uma história que se está a desenrolar.”
Segundo explicou, a mente tende a idealizar o que ficou por viver. “Muitas vezes, pessoas acabam por visualizar uma idealização de uma relação perfeita. Não que tenha sido. Só que o facto de não ter sido vivido dá a sensação de que essa história foi toda perfeita.”
Para estas situações, o especialista destacou a importância de um equilíbrio interno. “Diria que é importante dar tempo, olhar para a história e dar lugar a essa história de amor e, simultaneamente, dar-se espaço através do autoconhecimento para se entregar a uma nova relação, evitando ao máximo, não que seja fácil, as comparações e construir algo que de facto se enquadre com a identidade que a pessoa tem hoje e não com aquilo que foi a relação do seu passado.”