“Excesso de Big Brother”: Nuno Azinheira comenta estratégia da TVI e elogia Cláudio Ramos
"O que a TVI faz não é qualquer ilegalidade. Nem chega a ser imoral, convenhamos. É apenas usar bem o seu principal trunfo de programação"
O “Big Brother” é o principal trunfo da TVI e ajudou a recolocar a estação de Queluz de Baixo no primeiro lugar das audiências, à frente da SIC.
“Trinta horas. Na última semana, entre segunda-feira, dia 1, e este último domingo, dia 7, a TVI transmitiu 30 horas de emissão do Big Brother, entre diretos, especiais, resumos, comentários e extras. Não foi o TVI Reality, foi mesmo a TVI, o principal canal generalista do grupo Media Capital. Sem contar com os convidados e as tertúlias dos programas de daytime. Que fique claro, antes de mais: o que a TVI faz não é qualquer ilegalidade. Nem chega a ser imoral, convenhamos. É apenas usar bem o seu principal trunfo de programação”, começou por escrever Nuno Azinheira na sua crónica na revista Nova Gente.
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“Posso achar que é um excesso – e acho! -, mas se eu seguisse o reality show, provavelmente também estaria colado ao ecrã. Embora, e isto vale o que vale, sem Big Brother, a TVI não era líder de audiências. Mas já agora, não tenhamos ilusões. Tivesse a SIC um formato tão forte e competitivo como este, numa altura de tão grande equilíbrio concorrencial, também usaria da mesma estratégia. Mas 30 horas semanais é obra: significa que todos os dias o canal dirigido por José Eduardo Moniz transmite e m média mais de quatro horas diárias de programa. Na sexta foi o dia mais fraco: “apenas” 3,5 horas. No sábado, para contrabalançar, foram cinco. Não foram repetições de madrugada para encher a grelha. Não, são períodos nobres, estratégicos: acesso ao prime time, a seguir ao jornal e antes das novelas, e depois das novelas, pela noite dentro, até a malta ir dormir. Isto diz bem do peso do programa e da capacidade de rejuvenescer um formato que tem, em Portugal, quase 25 anos. E não vale a pena esconder a cabeça como a avestruz e dizer que cada país tem os partidos e os espectadores que merece. A leitura é menos simplista do que isso. Quer na política, quer na televisão”, acrescentou.
“Há aqui mérito, muito mérito, da TVI e da Endemol na forma como souberam transformar o formato original, melhorar (piorar?) os castings, criar novas dinâmicas, fomentar as polémicas, e explorá-las até à exaustão. E ainda falta falar de um grande apresentador: Cláudio Ramos está magistral e soube inteligentemente capitalizar as suas fragilidades, transformando-as em forças. A que se junta o essencial: trabalho, trabalho, trabalho. Eu, que o conheço bem há anos, até antes da televisão, sei que poucos merecem tanto como ele”, rematou o comentador do “Passadeira Vermelha”.
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