Exclusivo. Alexandre Guerreiro, advogado de Betty, chama “agressor” a José Castelo Branco
Quis ser advogado do "Conde", mas este rejeitou e tornou-se defensor da mãe de Roger. Foi espião pró-russo, gerou polémica na SIC, em debates contra José Milhazes, e chegou a ser expulso da profissão.

Apesar de apelidar o DIOGUINHO de “desinformação”, Alexandre Guerreiro falou, na noite desta segunda-feira, 8 de setembro, à nossa equipa, agora deu jeito e ignorou esse facto.
Acusados de defender a “outra parte”, ou seja, a defesa de Castelo Branco, fomos ouvir o advogado de Betty Grastein.
Aliás, nas informações que publicamos sobre o processo, contactamos o ‘Dr. Alexandre Guerreiro’, com quem nunca conseguimos chegar à fala, e sendo que este opta por efetuar vídeos nas suas redes sociais, algo que havia garantido não voltar a fazer.
Acusou o DIOGUINHO de ter acesso privilegiado e “informação encomendada”, uma vez que também revelamos em primeira mão que foi agendada a leitura para 15 de setembro, após o debate instrutório de sexta-feira, dia 5, no Tribunal de Sintra. Alexandre Guerreiro (AG) reitera que, na “casa da Lei”, não questionou a presença de José Castelo Branco, o que está incluído no processo.
A verdade é que o advogado de Betty Grafstein questionou a “ausência do fugitivo” e a juíza considerou tal não ser necessário porque estava devidamente representado pelos seus mandatários: “Essa frase que me imputaram, que eu terei dito sexta-feira, nem de perto, nem de longe, nunca na minha vida, diria um disparate daqueles”, insiste, apesar de tal estar inscrito em ata, numa sessão em que marcou presença de ténis.
“No início deste processo todo, o doutor ofereceu-se ao José Castelo Branco para ser o advogado dele e ele não quis”, perguntamos. Algo nervoso, Guerreiro respondeu: “Falso. Falso. Outra falsidade. Não sei se calcularam, mas obviamente que isso vem da parte dele. Outra falsidade”. “Então, e como surgiu a oportunidade de ser defensor de Betty?”, questionamos, ao que o Dr Alexandre disse que “isso agora não lhe vou explicar, naturalmente”. Facto: José Castelo Branco revelou diversas vezes, em diversos sites, revistas e outros locais, que “(AG) fez de tudo para ser meu advogado e eu nunca quis”.
Entretanto, durante o diálogo, o Dr Alexandre Guerreiro referiu-se a José Castelo Branco como “o agressor”. Porém, “se é advogado, não pode tomar partidos, não pode tecer declarações onde chama, sem ter havido nenhuma sentença proferida, o doutor refere-se a José Castelo Branco como agressor?!”. Resposta: “É verdade, disse, é o agressor, sim, sim”.
Confirmando ter dito que “não ia fazer vídeos de forma recorrente”, a verdade é que voltou a fazer porque “nenhum órgão de comunicação social o contactou para o contraditório”. Explicamos também que “temos informações, como todos têm, mas não fazemos encomendas”. “Ninguém nos paga encomendas”, explicamos a Guerreiro. Dito isto, disse “com licença” e desligou o telefone sem espaços para mais itens do “contraditório”.

“É deontologicamente vergonhoso que um advogado, atropelando a presunção de inocência consagrada no artigo 32.º, n.º 2 da Constituição, se permita apelidar de “agressor” o cliente da parte contrária”, explica Joaquim de Oliveira Fialho, penalista com 45 anos de carreira, referindo-se ao facto de Alexandre Guerreiro acusar José Castelo Branco de “agressor”, antes de qualquer sentença.
“Num Estado de Direito não pode valer tudo. O tribunal não é uma arena de insultos nem um palco para julgamentos paralelos. Ao fazê-lo, não só viola o dever de correção, urbanidade e lealdade previsto no artigo 94.º, n.º 1 do Estatuto da Ordem dos Advogados, como desrespeita frontalmente a proibição do artigo 97.º, que impede a imputação gratuita de factos ofensivos da honra sem necessidade para a defesa da causa”, enquadra o jurista. Mais: “Quem assim procede transforma o processo num exercício de retórica tóxica, minando a dignidade da profissão e corroendo a confiança pública na advocacia. Defender não é condenar, argumentar não é insultar, e representar não é substituir-se ao juiz. A tentação de adjetivar a parte contrária como “agressor”, “criminoso” ou qualquer outro rótulo condenatório é um desvio ético grave, que deve ser denunciado e sancionado. A advocacia só se engrandece quando é firme, mas também quando é decente. E quem não sabe distinguir defesa de ataque pessoal, justiça de linchamento, e processo de espetáculo, não defende verdadeiramente o seu cliente: apenas enfraquece a justiça e desonra a profissão. No fim, fica uma amarga sensação de tristeza: a de ver a toga, que deveria ser símbolo de dignidade, usada como arma de ferida gratuita”.
O jurista Alexandre Guerreiro, que se apresenta como ex-membro dos serviços secretos (trabalhou sete anos como analista no Serviço de Informações Estratégicas de Defesa), ganhou visibilidade graças aos comentários à guerra da Ucrânia na SIC, em debates acesos com José Milhazes, prestigiado jornalista da estação de Balsemão, “onde os seus argumentos pró-russos geraram polémica”, noticiou o semanário ‘Expresso’.

A carreira pública de Guerreiro envolveu múltiplas polémicas. Em março de 2022, o Centro de Investigação de Direito Público, da Faculdade de Direito de Lisboa, deliberou por “unanimidade” não admiti-lo como investigador, citando a “falta de suporte jurídico” das suas posições públicas sobre a guerra da Ucrânia.
Na mesma época, o ‘Expresso’ publicou que Guerreiro teria viajado à MGIMO (Moscovo), pouco antes da invasão da Ucrânia, de onde supostamente saiu um relatório para Putin, em que AG reagiu com um direito de resposta negando categoricamente ser “ex-espião pró-russo”.
Ainda no mesmo ano, defendeu a tese que a anexação da Crimeia pela Rússia tem uma base legal no direito internacional, argumentando que o processo seguiu os mesmos precedentes jurídicos utilizados em casos como o Kosovo. Ele sustenta que a autodeterminação dos povos, quando um Estado falha em garantir direitos mínimos a uma comunidade, pode justificar processos unilateralistas e até intervenções externas em nome da proteção dessa população.
Mais recentemente, em julho de 2025, tornou-se público que Alexandre Guerreiro foi suspenso por 60 dias pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda por exercer advocacia privada sem a devida autorização, violando a regra de dedicação exclusiva de seu cargo público.

Em março de 2022, o Diário de Notícias noticiou que AG foi apresentado como “porta-voz do Kremlin”. Segundo essa reportagem, esteve em Moscovo a convite de uma universidade russa, onde alegadamente teve encontros com Putin e o ministro russo Sergey Lavrov — chegando a dar “conselhos sobre como invadir a região ucraniana do Donbass”.
Em dezembro de 2024, a revista Executive Digest noticiou que Guerreiro participou como convidado num congresso do IRM (Movimento Internacional Russófilo), onde fez intervenções ao lado de figuras do regime russo.
Ex-analista do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e comentador televisivo em matérias de política internacional, Guerreiro tem sido apontado por vários órgãos de comunicação como uma das vozes portuguesas mais alinhadas com a narrativa do Kremlin. Tudo isto pode ser encontrado nos mais diversos órgãos de comunicação social, disponíveis na internet.
Nos tempos livres, o causídico também ponha música e animava festas onde era famoso como DJ Alex G.
