O ‘Jornal de Notícias’ meteu a pata na poça e o jornalista Fernando Correia foi o visado.
Esta sexta-feira, 1 de março, morreu o ex-jornalista e dirigente comunista Fernando Correia, aos 81 anos, mas o ‘JN’ usou uma fotografia do jornalista e ex-comentador desportivo da TVI, com o mesmo nome.
Fernando Correia já reagiu no Facebook: “MORRI NA PASSADA SEXTA-FEIRA – informação do Jornal de Notícias. É verdade, meus queridos amigos. Acabo de ler a notícia da minha morte, na sexta-feira, dia 1 de Março de 2024, acompanhada por uma fotografia actualizada do meu rosto algo meditativo e talvez já apreensivo a adivinhar o que poderia acontecer algum dia!… Estava a fazer a minha ronda pelos jornais, na net, quando deparei com a notícia que me deixou confuso, preocupado e apreensivo: morri!“, começou por escrever.
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“Seria mesmo eu?… Não resisti e fui ao espelho. Dei uns beliscões nos braços, umas palmadas na cara, passei as mãos pela cabeça, levantei as pernas em passo de marcha e tudo correu bem. À primeira vista estava vivo. Lembrei-me, entretanto, da morte enquanto perda total de consciência, mas também enquanto caminho para outra vida, enquanto mistério, enquanto curva da estrada no trajeto para a eternidade da alma. Olhei mais uma vez para a fotografia e, sem dúvida, era eu. Lembrei-me então que outros podiam estar a ver o mesmo que eu, com consequências difíceis de prever. Começaram os telefonemas. Para mim e para a minha Companheira. Uma das minhas filhas preparava o jantar de aniversário. Sosseguei-a, dizendo que, apesar de teoricamente morto, iria comparecer. Dos meus amigos, um foi para o Hospital de Santa Cruz com uma crise cardíaca; outro telefonou a medo cá para casa, sem saber se estava a ouvir uma voz do além; um terceiro resolveu informar os amigos; dirigentes desportivos começaram a querer saber mais a respeito; um outro amigo, mais cauteloso, começou a telefonar recomendando prudência, não fosse mentira…”, acrescentou.
“E eu, cada vez mais ansioso e, ao mesmo tempo, a lutar entre os pêsames a dar à família do jornalista falecido, naturalmente entristecida pelo acontecimento, e o facto de (ainda) não ter chegado a minha vez, o que me dava uma natural satisfação. Que luta interior! Que desespero! Que ansiedade! Mas também que fraude! O jornalismo, nos tempos atuais, é isto mesmo. Ilustra-se uma notícia da forma mais fácil. Não se identifica. Não se comprova. Não se lê a legenda que acompanha a foto de arquivo. Não interessa saber que dor provoca ou que estragos causa. É preciso ilustrar a notícia com um “boneco”. Pois que venha ele. Mataram-me. Assim, sem mais nem menos. Ponto final. Só que ainda não desisti de viver e, sendo assim, aproveito para lembrar que, em tempos, e a convite do meu amigo José Leite Pereira, escrevi crónicas para o JN. Bem identificado, como homem da rádio e da televisão. Com foto inequívoca. Com currículo ao lado. Bem acompanhado pela prosa solta mas com sentido, tal como esta que aqui vos deixo, nesta manhã friorenta em que aqueço o meu coração com o vosso carinho e as vossas palavras que me incentivam a continuar a lutar para ter a vossa companhia. Ah!… Do JN nem uma palavra… FERNANDO CORREIA (Carteira profissional de jornalista nº 809)”, rematou.