Filantropia ou hipocrisia? Vaidade disfarçada de caridade – Jimmy P faz partilha intensa
"Voces precisam urgentemente de parar de usar crianças africanas e exibi-las como troféus para atrair likes no Instagram"

O rapper e compositor português Jimmy P usou esta semana o seu Instagram para lançar um apelo poderoso e reflexivo.
Num story direto e sem rodeios, o artista criticou duramente a instrumentalização da imagem de crianças negras por parte de pessoas que, segundo ele, as usam como símbolo de bondade ou consciência social – sem um verdadeiro compromisso com a causa.
Esta partilha abre espaço para um debate urgente sobre representatividade, empatia e performatividade social.
“Todo esse pessoal que vai de ferias para Africa, para America do Sul, e publica fotografias de, e com, crianças negras…
Esse “complexo do bom Salvador” tem de acabar.
Essa coisa do “olhem para mim tão empático e tão humano a tirar fotos com crianças negras.” Vocês precisam urgentemente de parar de usar crianças africanas e exibi-las como troféus para atrair likes no Instagram.
Isso não é altruísmo, é vaidade, é hipocrisia, é complexo de superioridade do bom colonizador.
Essas atitudes só reforçam estereótipos coloniais, até porque isto só tem um objetivo: colocar-vos no centro da narrativa, tornando a vossa “ajuda” ou a vossa presença mais importante e acima da dignidade das pessoas ao lado de quem vocês se fotografam.
Há formas mais honestas e mais nobres de ganhar capital social, visibilidade e prestígio.
Para quê simular empatia e caridade por exemplo, ao tirarem fotografias com crianças negras pobres para partilhar nas redes sociais?
Quando vocês viajam pela Europa também tiram fotos com crianças italianas? Alemãs? Francesas? Suíças?
Em pleno 2025 não se pode simplesmente achar que as pessoas ainda têm direito tirar fotos a uma criança aleatória e postar para seu próprio benefício.”
Jimmy P é Joel Plácido no registo civil, mas é no nome artístico que se reconhece a sua voz e identidade. Nasceu no Barreiro e cresceu entre Angola, Paris e Porto. Foi na capital francesa que descobriu o rap e começou a moldar a sua identidade musical, enriquecida por diferentes influências. Estreou-se a solo em 2013 com #1, seguido de Fvmily F1rst (2015), Essência e a mixtape Alcateia (2018). Em 2020 lança «Abensonhado» e celebra dez anos de carreira com um concerto no Coliseu do Porto.
