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“Filha da Tuga” causa polémica! “Esta canção mexe com muitas feridas ainda abertas em muita gente”

A cantora Irma quebra o silêncio!

Irma Ribeiro viu-se envolvida em polémica devido ao impacto criado por um vídeo de Rita Pereira.

A atriz e apresentadora da TVI tem um novo visual e foi acusada de apropriação cultural. Ela mostrou-se a cantar “Sou Filha da Tuga”, da cantora Irma, onde se pode ouvir: “Viram-me chegar e querem por uma etiqueta / Sou branca para os pretos para os brancos sou preta / Sou a mistura da terra e da descoberta / Um passado angolano um futuro lisboeta / E quê? Olho claro com carapinha / E quê? Um gingado que é alfacinha / E quê, e quê? Eu sou mistura e quê? (…)”.

Esta quinta-feira, 21 de julho, a cantora Irma quebrou o silêncio: “Estive a pensar se fazia este post ou não, mas segundo os meus princípios e sobre o sentido de missão do FILHA DA TUGA não quero deixar de ter voz sobre isto. O FILHA DA TUGA foi feito por 3 pessoas, eu e os meus amigos autores e compositores que tanto admiro. Esta história foi posta em poema com base naquilo que sinto, com base na minha vida. Este momento da criação do Filha da tuga não se ensaiou e aconteceu de improviso, através das conversas da vida em encontro espontâneo no estúdio. Esta canção mexe com muitas feridas ainda abertas em muita gente. Porém, também acho que ela se cumpre no debate e diálogo que está iniciado, na possibilidade que nos permite de entender melhor o outro, as suas mágoas e cicatrizes e de dar um pequeno contributo numa necessária reconciliação colectiva. Em nenhum momento, me quis colocar numa posição de vitimização. Só quis contar a minha história, a minha verdade, sempre ciente do lugar privilegiado em que me encontro, até pela visibilidade que a minha profissão me traz”, começou por referir.

Estou muito consciente da sensibilidade e atenção devida a quem tem o “corpo escaldado” da dor, do sofrimento, da mágoa, do preconceito. Sei também que a nossa História comum nos foi contada de uma forma enviesada, romantizada mas graças à luta de muita gente estamos cada vez mais conscientes da realidade, da outra face da moeda. Num momento tão sensível como este onde falamos muito na luta contra o racismo, a frase “sou a mistura do terra e da descoberta” foi mal interpretada. A descoberta fala do reinício de vida dos meus avós num país novo, em 1975, em descobrir um recomeço”, prosseguiu.

Sou Filha de pais angolanos. Fui criada pelos meus avós maternos que vieram de Angola. Cresci com cultura Angolana em casa, os verões eram mais felizes com a vinda dos meus primos de Angola e com as corridas infinitas no corredor da casa de Odivelas da minha Tia Elisa. As paracucas da avó Alcina são as melhores, o Muzongué depois de um dia de copos é milagroso e até hoje imploro ao meu avô quase todas as semanas um funge. Se isto não fosse suficiente para ter o direito em elevar a minha cultura, também tenho muito respeito por ela. Leio-a há alguns anos e no último ano mais a fundo. Porque a sabedoria não é recurso escasso, sinto sempre que tenho mais coisas a aprender e quero contar a história ao meu filho como realmente aconteceu”, recordou.

Quando decidi lançar o FILHA DA TUGA o gatilho foi a urgência em contar a minha história e com sorte as histórias de muitas pessoas (sorte que tenho visto nas centenas de mensagens bonitas que me enviaram, pessoas com culturas de todos os cantos do mundo) pessoas essas que vivem cá fruto de muitos caminhas, que a vida traçou. Eu sou FILHA DA TUGA, sou fruto da mistura, elevo a vida com orgulho e não almejo separação. Sonho compreensão, partilha, luta por tudo que ainda está por conquistar, por menos colorismo e por mais empatia. Luto pelo racismo não ser uma questão de opinião”, explicou.

É necessário conversar, sem agredir, sem excluir. É urgente reconstruir, contar a história como realmente aconteceu e passá-la ao mundo. Estarei sempre aqui pronta para ouvir. Obrigada. IRMA”, rematou.

 

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