Geral

Fisioterapeuta de Diogo Jota revela detalhes privados da recuperação e decisão

Fisioterapeuta português recorda dedicação de Jota e a escolha arriscada de jogar pela Seleção antes de ser operado

Miguel Gonçalves, fisioterapeuta respiratório que acompanhava Diogo Jota, em entrevista à RTP3 que esteve com o jogador da Seleção Nacional e do Liverpool na noite anterior ao acidente de viação que lhe tirou a vida.

Começa por explicar a lesão, “o Diogo, ele é operado em Liverpool, ele tem uma lesão pulmonar, um pneumotórax, um alojamento de ar entre o pulmão e a pleura, ele é operado para que esse pneumotórax não seja recorrente, faz uma espécie de colagem entre a pleura e o pulmão, em Liverpool, e vem para Portugal passar as suas férias e até casar, também de barco e de carro, há cerca de três semanas.”

Explica melhor porque não podia viajar de avião, “E veio de barco e veio de carro porque tem indicação médica de não poder andar de avião pela pressão da cabine do avião, que pode provocar um descolamento, a cirurgia era muito recente, era muito recente, e que qualquer alteração de pressão podia prejudicar a sua recuperação e o sucesso da mesma. Portanto, nestes casos de cirurgia pulmonar, não é aconselhado andar de avião ou viajar de avião nas primeiras seis semanas pós-cirurgia. Portanto, o Diogo veio de barco e depois de carro para o Porto e iria fazer pelos mesmos meios a viagem de volta para Santander, para o sul de Inglaterra, para depois se apresentar na segunda-feira em Liverpool para ser avaliada pelo seu departamento médico.”

“Nos casos de cirurgia pulmonar, não é aconselhado andar de avião nas primeiras seis semanas”, explica Miguel. Por isso, o regresso de Jota a Portugal foi de barco até ao norte de Espanha e depois de carro até ao Porto. “Ia fazer a viagem de volta pelos mesmos meios, para depois se apresentar em Liverpool, onde seria avaliado pelo departamento médico”, detalhou.

Recém-casado, com tempo para a família e a cabeça mais leve, procurou Miguel para começar a recuperação em Portugal para se apresentar quase em pleno para a nova época desportiva, “Uma recuperação que exige exercícios de expansão pulmonar, recrutamento… trabalhar aquele pulmão que foi operado.” Não perdeu tempo: “Ele começou ainda antes de regressar a Liverpool. Era um profissional de mão cheia, um jovem dedicado à sua arte.”

O objetivo? Chegar à pré-época com o máximo de estabilidade. “Ele estava com muita vontade de voltar com 80, 90% da recuperação feita”.

Mas a história começou antes, ainda com o pulmão por operar. Diogo Jota foi diagnosticado com risco de recidiva de pneumotórax, uma condição que pode ter consequências sérias, e sabia que teria de ser operado. “Ele conferenciou-me que iria ser operado antes da Liga das Nações. Estava estável, mas havia sempre o risco. Ainda assim, adiou a operação.”

A razão? “Uma grande paixão dele era representar a Seleção Nacional. Ele tinha o feeling que Portugal ia ganhar a Liga das Nações, e acabou por ganhar. O seu feeling estava correto.” Para Jota, abdicar não era opção. “Não queria deixar de dar o seu contributo ao seu país nesta competição.”

“Os riscos eram claramente calculados (…) Ele sabia que ia ser operado depois e que a sua recuperação ia ser bem-sucedida, como foi”, rematou.

Leia também: Gondomar e Portugal chora Diogo Jota e André: corpos já chegaram. Saiba toda a informação

Publicidade

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo