Fogo em Vinhais: dois detidos saem em liberdade. Já são 95 detidos por atear fogos em 2025
Incêndio em Vinhais foi dominado à meia-noite, mas deixou rasto de destruição e medo de novos focos.

Os dois homens detidos por provocarem um incêndio no concelho de Vinhais, mas vão aguardar julgamento em liberdade.
Depois de presentes esta quinta-feira a primeiro interrogatório no Tribunal Judicial de Bragança, ambos, de 42 e 61 anos, ficaram sujeitos à medida de Termo de Identidade e Residência. Segundo a GNR de Bragança, o fogo que terão iniciado ganhou rapidamente dimensão, abrindo três frentes ativas.
No combate estiveram 95 operacionais, apoiados por um meio aéreo, numa corrida contra o tempo para evitar que as chamas se espalhassem. O incêndio foi dado como dominado por volta da meia-noite, deixando para trás o rasto negro na paisagem e a preocupação renovada das autoridades com a vaga de fogos que marca este verão.
INCENDIÁRIOS: QUASE 100 PESSOAS APANHADAS ESTE ANO
O ano ainda vai a meio, mas os números já são alarmantes: 95 pessoas foram detidas em Portugal por suspeita de atear fogos florestais. A Polícia Judiciária (PJ) é responsável por 54 dessas detenções, enquanto a Guarda Nacional Republicana (GNR) prendeu 41 — mais do que durante todo o ano passado.
Também as investigações dispararam: a PJ já abriu 921 inquéritos, face aos 643 registados no total de 2024. Esta quarta-feira, no concelho de Vinhais, o drama repetiu-se.
Segundo Carlos Farinha, diretor nacional adjunto da PJ, não se trata apenas de casos isolados: “Na realidade, os nossos incendiários não são incendiários de um incêndio só, são incendiários em série, praticam vários incêndios. Muitas destas pessoas põem fogo, sem nenhuma atração pelo fogo, mas apenas com o intuito de vingança, com o intuito fútil, de alguma forma a gerar todo aquele pânico, todo aquele conjunto de reações e com maiores consequências.”
Para combater o fenómeno, a GNR aposta numa vigilância cada vez mais tecnológica, “Nós contamos atualmente com 230 postos de vigia, aos quais acrescentamos 147 câmaras de vigilância espalhadas um pouco por todo o espaço florestal. Para além das patrulhas móveis, temos outras tecnologias, designadamente o uso de drones, atualmente disponibilizados pela Força Aérea”, afirmou fonte oficial.
Apesar de alguns incendiários enfrentarem penas pesadas – Farinha lembra que, há dois anos, um homem foi condenado a cerca de 25 anos de prisão –, o dirigente sublinha que o verdadeiro efeito dissuasor não está no peso da pena, mas na certeza da punição: “Não há, a menos que haja aumento das penas, a possibilidade de tornar isto eficaz. Repito: a probabilidade de acontecer uma pena é por vezes mais importante que propriamente a dimensão da pena em si.”