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Frederico Varandas lança críticas duras a Villas Boas em gala do Sporting

Na gala Rugidos do Leão, Varandas critica Villas Boas e o F. C. Porto, fala de ética no futebol e reage à polémica do vídeo de arbitragem.

Numa gala repleta de emoção em Leiria, a “Rugidos do Leão” celebrou os ícones do Sporting com distinções que brilhavam como troféus de uma era dourada.

Foi ali, entre aplausos e memórias verdes, que Frederico Varandas, o presidente leonino de olhar sereno e convicções firmes, elevou a voz num discurso que transcendeu o relvado. Varandas confrontou André Villas-Boas, o líder portista, tecendo uma crítica à hipocrisia que, segundo ele, sufoca o desporto que amamos.

Recordando as promessas eleitorais de Villas-Boas, Varandas evocou com um toque de melancolia: “Villas-Boas disse na campanha [para a presidência do F. C. Porto] que é tempo de construir um futuro ganhador com princípios de ética e transparência. Por todo o país dizia-se ‘vem aí uma lufada de ar fresco’. Hoje, infelizmente, posso dizer que todo o país já constatou. Não é lufada de ar fresco, é bafio, hipocrisia do pior que o futebol português”.

Estas declarações surgem no rescaldo de uma polémica que abalou o campeonato: o vídeo de um torneio de infantis envolvendo o árbitro Fábio Veríssimo no duelo entre FC Porto e Braga. Para Varandas, não se trata de um lapso, mas de algo “premeditado, planeado e executado”, um episódio “mau demais” e “baixo demais” para o futebol que nos une.

O presidente sportinguista dissecou o comunicado portista, um texto de sete pontos que, na sua visão, ignora o essencial: o arrependimento. “Não há, dos sete pontos, um ponto com arrependimento, pedido de desculpa ou onde se diga que não voltará a acontecer. Isto não vos choca? É que não houve nada de valores, de ética e nada de dignidade”, lamentou, num apelo que ecoa como um convite à humanidade.

Dirigindo-se aos árbitros com empatia, Varandas incentivou-os a documentar todas as pressões, de qualquer clube, inclusive o seu: “Quero aqui apelar a todos os árbitros que escrevam tudo: ameaças de dirigentes, ofensas de presidentes, vídeos a passar no seu balneário. Que escrevam tudo, seja de Benfica, F. C. Porto ou Sporting. Se for de Sporting, sou o primeiro a criticar”.

Varandas ainda abordou o “canto dos Açores” no jogo do Santa Clara, transformado em “erro colossal” por rivais. “Marcou um canto! Parece que assinalou um penálti. […] Canto é golo, vou admitir que sim”, confessou, contrapondo-o ao remate de Luis Suárez na primeira parte, ignorado como mero pontapé de baliza.

“Então vamos analisar a primeira parte, não é que o Luis Suárez faz remate que eu julgava que ia ser golo, mas o guarda-redes defende e não é que o árbitro assinalou pontapé de baliza. Meus amigos, como é que ficamos agora? Tiraram-nos um golo na primeira parte? O erro é idêntico”. Elogiando o Conselho de Arbitragem pela sua firmeza recente, ele sublinhou: “Fiquei muito aliviado e feliz por ver a conferência de Imprensa do Conselho de Arbitragem, com coragem, a dizer que nunca mais voltarão a permitir que práticas do passado voltem a ameaçar os árbitros”.

Acerca da final da Taça de Portugal, perdida pelo Benfica ante o Sporting, Varandas invocou a ausência de autocrítica: “O Sporting teve mais remates, mais posse de bola, mas ocasiões flagrantes, mais cantos, mais passes. […] A culpa foi do Matheus Reis que devia ter ido para a rua. […] Aposto que com mais uns minutos, o Matheus seria culpado de mais alguns golos. Por amor de Deus, surpreende-me muito a total falta de autoreflexão”.

No essencial, o que Varandas lamenta não é a arbitragem, que, para ele, melhorou, mas “o desespero por o Sporting poder ganhar o tricampeonato”.

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