“Gouveia e Melo não salvou Portugal sozinho” — Adriana Cardoso desmistifica herói da vacinação
Adriana Cardoso desfaz o mito do “herói da vacinação”, Gouveia e Melo. “Vacinação resultou de uma estrutura, não de um homem só”

Gouveia e Melo, é oficialmente candidato à presidência da república, um dos segredos mais mal guardados da política nacional dos últimos tempos e ficou confirmado na passada quinta-feira.
Adriana Cardoso, comentadora de política na SIC Notícias, não poupou na análise crítica à narrativa criada em torno do Almirante Gouveia e Melo, figura central no processo de vacinação contra a COVID-19 em Portugal.
“Não, não foi despiciente de toda a forma como utilizou a palavra ‘imune’”, começou por dizer: “O Almirante Gouveia e Melo pode ter ido ao New York Times fingir que a razão pela qual Portugal teve uma taxa de vacinação tão grande foi de facto ele, com as suas mãos, que foi inoculizar todos os portugueses…”
A comentadora de política recordou que, antes da liderança do Almirante, já existia uma estrutura montada e operacional e funcional: “Quando Francisco Ramos saiu da task force, o seu número dois era o Almirante Gouveia e Melo. Quem ficou a fazer a coordenação foi o núcleo de coordenação do qual ele já fazia parte.” O plano, manteve-se inalterado — independentemente de quem o liderava.
“Aconteceu o que nunca tinha acontecido em Portugal — termos uma pandemia em que era preciso que milhões de pessoas tivessem acesso à vacinação”, reconheceu. No entanto, reiterou que esse sucesso foi institucional, e não obra de um só homem, neste caso de Gouveia e Melo, “O plano foi feito da mesma forma, estando ele ou não estivesse.”
Está contra a espécie culto de personalidade que se gerou desde então, “Criou-se uma figura mítica à volta de uma personagem, como se ele tivesse feito um trabalho hercúleo e os portugueses e Portugal não tivessem tido um processo de vacinação que iria correr bem na mesma.” A rematar ainda diz que tudo isto é injusto, “Como se ele, por ele próprio, tivesse sido a personificação dessa eficácia — e o que eu estou a dizer é que isso não é verdade.”
Com esta intervenção, Cardoso desafia a narrativa dominante e convida à memória dos factos — não para desvalorizar, mas para contextualizar.
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