Herman José foi o mais recente convidado do programa “Alta Definição”, exibido na tarde deste sábado, 14 de setembro, na SIC.
Durante a entrevista, Daniel Oliveira questionou o artista: “Comove-se com alguma coisa?”. “Comovo. Com o sofrimento de terceiros. Vou-te dar um exemplo muito forte. Quando o meu pai morreu, estávamos na igreja de Fátima e eu tive um profundo desgosto. A morte é uma coisa de uma violência inexplicável. Estamos no velório, naquele momento um bocadinho penoso, mas que enfim tem de ser, com muitas flores e muitos amigos. E a coisa estava completamente segura e serena. Estava completamente em controle”, começou por responder.
“Depois há um padre muito simpático que esteve ligado à TVI, Padre Rego, que era ele que lia a homília, muito gentilmente me pediu para eu ler uma passagem bíblica que ele tinha escolhido. E eu fui, calmamente, peguei naquilo, para começar a ler, completamente resolvido, com os restos portais de uma personagem que deixou de existir, que respeitava e amava. Começo a ler e quando olho para a frente, vejo os dois irmãos. A irmã do meu pai, a Júlia, e o irmão Luís. Eles eram muito unidos os três. E quando eu vejo o tipo de tristeza e de profunda dor com que eles estavam a viver aquele momento, eu não aguentei. Desisti. Dei ao Vítor de Sousa. Disse, ‘Vítor, lê tu que eu não sou capaz’”, recordou.
“Outro exemplo que nunca mais me esqueci. A morte do Carlos Peão, também no Velório. Muito triste, com a noção de que tinha vivido uma grande injustiça, que é de repente morrer um miúdo de 30 e tal anos, cheio de talento e muito querido. Era um amigo, um irmão. Também resolvido, quando olho para o lado e vejo os pais perderem o seu filho queridíssimo e amigo e vizinho, eu fui-me abaixo. Ou seja, o sofrimento de terceiros mata-me. O meu próprio eu resolvo lindamente. As piores das situações, vamos a isso”, acrescentou Herman José. Vê aqui o vídeo.