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“Hoje, o lápis azul já não vem da PIDE. Vem de ti” Liberdade de expressão vs Comédia

Fernando Rocha critica a cultura do cancelamento e pede mais respeito pela diferença de opinião

Fernando Rocha numa entrevista ao JN, e quase a fazer 50 anos, acabou por falar dos limites do humor.

“Era expulso das aulas por fazer rir. E sabia que ia ser expulso.” Mas nunca se arrependeu. Há uma frase que guia a sua vida: “podes perder um amigo, mas não percas a piada.”

“Hoje, cada pessoa acha que só a sua opinião é que conta. Se não concordas com ela, estás errado.” A crítica é direta. E nessa lógica de antenas desintonizadas, Rocha defende o humor como território sagrado da liberdade de expressão. Cita Voltaire com admiração: “posso não concordar contigo, mas lutarei para que possas continuar a falar.”

Não é que defenda todos os humoristas. “Eu defendo a comédia. A comédia é arte. E a arte tem que ser livre.” Para ele, tudo é matéria para comédia, até os temas mais difíceis. “Se estamos a fazer piadas sobre pedofilia, por exemplo, não é por banalizar. É uma forma de tocar na ferida, de chamar atenção.”

Ainda considera que nos tempos atuais, “nós estamos a passar uma fase em que o lápis azul e a censura não vêm da PIDE, mas vêm da própria sociedade, o que é gravíssimo.”

Deixa ainda duras criticas, “Cada pessoa é uma antena que acha que aquilo que a minha antena emite, a minha frequência é que está correta. Se a tua frequência não estiver de acordo com a minha, tu é que estás errado. E é assim que a sociedade pensa. Não existe um respeito pela opinião dos outros. Eu, nessa altura, quando estou a discutir os limites da comédia, eu digo que o melhor limite da comédia é a liberdade de expressão.”

Agora que faz 50 anos, e o futuro? “Daqui a 10 anos quero estar rodeado de quem me ama e respeita. A fazer o que gosto. Seja onde for.” Mesmo que seja na “Congenchina”, brinca.

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