João Soares recorda últimos dias de Maria João Abreu: “No último acorde, deu o último suspiro…”
Dois meses depois da morte de Maria João Abreu, João Soares deu uma entrevista ao programa de Júlia Pinheiro na SIC.
O músico falou das dores de cabeça que a mulher sofria: “A João queixava-se de dores de cabeça… desde que a conheço que ela tinha dores de cabeça. Podia ser um sintoma ou não. Ela cuidava primeiro dos outros e depois, se tivesse tempo, cuidava dela. Sim [as dores de cabeça andavam a inquietá-la], não o suficiente para ela ter feito alguma coisa mais cedo. Ela queixou-se para aí durante um mês ou um mês e tal…“.
“Acontecem vários milagres com a João: rebenta o aneurisma, volta a si, plena das suas funções… ela é que deu todas as indicações ao médico da triagem, explicou tudo o que se tinha passado…“, explicou.
João Soares foi informado por uma enfermeira que a atriz tinha sofrido uma hemorragia: “É aí que tenho pela primeira vez a noção da gravidade da situação. Quando ela me diz que nestes casos, existe 50% de probabilidade da pessoa sobreviver…“.
Após cirurgia, João esteve com o amor da sua vida: “Ao início da noite falei com ela ao telefone: estava sonolenta mas consciente. Estava ainda com o efeito da anestesia, não estava assustada… Estive com ela, falei com ela, fiz uma videochamada para a mãe e para a irmã que ela pediu…”. “Informaram-nos também que este era um processo minuto a minuto e que não devíamos deitar foguetes, porque isto não é assim tão fácil…“.
“Falámos com ela, ela mexia tudo, articulava bem… depois mandaram-nos embora que ela tinha repousado, isto era por volta das 16/17 da tarde. Por volta das 19/20, ligaram a dizer que ela tinha tido uma hemorragia e, a partir daí, não foi logo [que se perdeu a esperança], ainda se demorou uns dias [a encaixar o que ia acontecer]… Nós não acreditávamos [no que ia acontecer]“, revelou.
João Soares desmentiu as notícias das supostas melhorias no estado de saúde de Maria João: “Saiam às vezes notícias que ela estava melhor e nós a saber que isso é mentira e que as coisas não eram nada assim […] Se houve coisas que nos trouxe foi uma grande união, estivemos todos os dias no hospital“.
“A João era uma pessoa muito espiritual e acreditava muito na espiritualidade da vida… eu sempre fui muito mais cético que ela nessas coisas, mas fui apanhando um bocadinho aqui, um bocadinho ali e este golpe faz-me acreditar que só pode ser isso… Ela está a fazer aquilo que ela faz melhor [cuidar] e que a fazia mais feliz“, argumentou.
“No dia anterior tinha pedido à enfermeira… já não sabíamos que a situação era irreversível. Pedi para tocar guitarra para ela e, nesse dia de manhã, como em todas as manhãs, estava preparado e era um bocadinho antes das 10h e liga-me uma enfermeira ‘se puder vir já venha porque a João já está a respirar com alguma dificuldade’… entrei no quarto, ainda consegui tocar umas músicas para ela, depois chegou o Ricardo e a Rita e a minha irmã… o Ricardo declamou um poema, perguntou se eu conseguia tocar uma música dos Pearl Jam que ela amava, tocámos e no último acorde, ela deu o último suspiro“, contou.
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