Nuno Pereira foi o convidado de Daniel Oliveira no Alta Definição deste sábado.
O jornalista da SIC, Nuno Pereira foi o entrevistado deste sábado no Alta Definição, o profissional foi um dos enviados da SIC para a guerra da Ucrânia, recordou alguns desses momentos e como um acidente em criança o deixou sem pestanas, sem sobrancelhas, sem parte do cabelo e com a pele da cara, nas mãos.
“Eu fui para a Ucrânia por minha livre vontade, ninguém é obrigado. A vontade que tive de ir foi, após ver alguns colegas meus a trabalharem tão bem, pensar: eu também quero fazer isto”, começou por explicar, referindo ainda que recebeu o convite que aceitou de imediato, mas que lhe custou muito ter que contrariar o irmão, que lhe pediu para não ir: “O meu irmão, que também é jornalista, pediu-me para eu não ir … Ter que o contrariar foi muito difícil.”
“Eu estava à mesa com a minha família toda (quando recebeu o convite por telefone) e sem perguntar nada a ninguém disse que sim. Não disse nada a ninguém para não estragar o almoço. Quando a coisa ficou certa, comuniquei. Ponderei aquilo que ia fazer sofrer os outros por me verem num cenário de guerra. O que o meu pai e as minhas filhas iam pensar. Mas esta é a minha profissão”, adiantou.
Durante a entrevista, Nuno Pereira contou o episódio que o levou para um hospital com apenas 10 anos: “Queimei a cara quando tinha 10 anos, a acender uma lareira”, revelou.
“Via o meu pai a acender a lareira e tentei fazê-lo também, com papel. Mas não pegou. E como via os mais velhos a fazê-lo com álcool… Meti a cabeça dentro da lareira, mas tinha noção que não podia pôr muito. Tinha ficado uma chama debaixo da lenha, que eu não tinha visto, e assim que o álcool chegou lá baixo, o lume veio pelo frasco e aquilo explodiu na minha cara”.
Nuno Pereira acabou por ser internado na unidade de queimados: “Fiquei sem pestanas, sem sobrancelhas, sem parte do cabelo à frente. A pele da minha cara ficou nas mãos. Queimei o sofá, a televisão… Estive internado no hospital semanas (…) A minha cara era carne viva. Este osso [na zona da testa] ficou de fora. Aquela ala do hospital não tinha espelhos, propositadamente para as pessoas não se verem. Eu conseguia ver-me [no reflexo] nos caixotes do lixo. Fiquei com as marcas das lágrimas na cara. Chorei todos os dias que tive no hospital”, concluiu.
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