Kristen Stewart arrasa Hollywood e pede uma revolução no cinema: “É um inferno capitalista e racista”
Kristen Stewart quer “roubar filmes” e propõe modelo sem lucro: “Vão chamar-me psicopata, mas é possível”
Kristen Stewart não poupou nas críticas ao estado atual da indústria cinematográfica numa extensa entrevista em vídeo ao The New York Times.
A atriz e agora realizadora, que se estreia atrás das câmaras com o filme The Chronology of Water, defende que Hollywood atingiu um ponto de rutura e que o sistema atual, obcecado por grandes orçamentos e blockbusters, tornou-se incomportável para vozes independentes e diversas.
“Estamos num nexo crucial porque acho que estamos prontos para uma quebra total do sistema”, afirmou Stewart, referindo-se especificamente à indústria do entretenimento. Para a estrela, a prioridade dada aos filmes-evento criou um cenário onde é necessária uma abordagem radical, “Acho que precisamos de começar, de certa forma, a roubar os nossos filmes”, explicou.
Embora tenha feito questão de expressar a sua gratidão aos sindicatos, admitindo que “não sobreviveríamos sem eles”, Kristen alertou que algumas das regras e estruturas montadas criaram barreiras quase intransponíveis para a expressão artística.
A crítica subiu de tom quando a atriz descreveu a exclusividade do acesso à realização como um ambiente hostil, “Tornar tão impossível para as pessoas contarem histórias… é um inferno capitalista. E odeia mulheres, odeia vozes marginalizadas e é racista”, disparou, defendendo a urgência de encontrar formas mais acessíveis de comunicar em termos cinematográficos.
Frustrada com a dependência de “equações comprovadas” de bilheteira, um sentimento partilhado por realizadores como Steven Soderbergh ou James Cameron, Stewart revelou um desejo peculiar para o futuro: fazer arte sem lucro, “O próximo filme que quero fazer: quero fazê-lo por nada, não quero ganhar um dólar”, confessou.
Com consciência de que as suas palavras poderiam ser polémicas, a atriz brincou com a própria imagem, “Estou a tentar pensar numa situação estranha, tipo marxista ou comunista, que as outras pessoas podem pensar: ‘Oh, claro, esta psicopata está a dizer isso’. Mas acho que é possível. O sistema barrou as pessoas e tornou tudo demasiado difícil.”