“O que me choca em Ângelo Rodrigues”. É este o título do mais recente ‘Postal do Dia’ de Luís Osório, publicado esta segunda-feira (3).
O jornalista e escritor começou por referir que “Ângelo Rodrigues é um popular ator de novelas, um viajante, gosta de trabalhar com crianças – bonito o documentário que realizou com miúdos da Ilha de Moçambique.
Tornou-se conhecido com a novela Rosa Fogo; era Estevão Amorim, um ambicioso projeto de gestor em ascensão. A novela conquistou audiências e o jovem ator nascido em Gaia tornou-se uma estrela. Desejado pelas fans e pelos fans, bem pago por contratos para fazer mais papéis, mais apresentações, mais presenças em lugares onde chegava para ser visto”.
“A sua vida tornou-se um passatempo para quem observa a vida dos outros – onde também me incluo. Seguimos o drama da sua dependência de drogas que disciplinavam os músculos do corpo, que os tornavam indomáveis, que o transformavam no homem que desejava ser – atlético, imparável objeto de desejo ou máquina perfeita, não sei. Escapou da morte por pouco. Escapou da amputação de uma perna por menos de um fio. E quando regressou à vida, após uma longa convalescença, tornou a trabalhar, a viajar, a viver“, prosseguiu.
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“Nas últimas semanas, Ângelo voltou a ser notícia. Pela segunda vez entrara em coma por ter, numa noite de loucura, aspirado o seu próprio vómito. Estava num hotel de Lisboa e as equipas médicas chegaram a tempo de evitar a sua morte. Foi noticiado que na origem do drama esteve o consumo de drogas, medicamentos e álcool. Ângelo Rodrigues ficou uns dias no hospital e mais uma vez os médicos conseguiram resgatá-lo. Nada do que escrevi me choca particularmente. Acredito que as pessoas podem e devem ter a liberdade para decidir ou deixar-se ir por um caminho que é o resultado de uma escolha consciente“, contextualizou.
“O que me choca foi o que Ângelo fez pouco tempo depois de sair do hospital. Vê-lo a entrar de maca num estúdio para ser entrevistado num podcast humorístico é surreal e mais pornográfico do que qualquer versão que tenha sido feita do clássico Garganta Funda. Uma falta de respeito pelos que o trataram – e por todos os que salvam os que insistem em se perder. Uma falta de respeito pelas pessoas que estavam genuinamente preocupadas, o seu público. Mas sobretudo uma falta de respeito por si próprio, uma feroz inconsciência ou amoralidade em relação às consequências daquela conversa com Salvador Martinha“, criticou.
“Os miúdos que a viram, alguns cheios de vontade de arriscar ir para fora de pé, outros cheios de vontade de ser estrelas ou bad boys como ele… esses miúdos que viram o podcast só podem ter ficado loucos de vontade de experimentar noites loucas como a daquele “grande maluco”. Porque não haveriam de experimentar se tudo acaba em bem, se tudo acaba em grandes gargalhadas, se tudo acaba com brincadeira, gozo e mais estrelato? Ângelo Rodrigues pode ser tudo o que quiser. O que não pode é ser um tipo que arrasta outros pela sua influência – entre o que fez e um tipo que vai bêbado para a estrada e arrasta para a morte quatro ou cinco inocentes, não há diferença nenhuma. Na verdade, até existe uma diferença. É que o Ângelo tem mais alcance do que um bêbado na estrada, a sua influência é infinitamente maior”, rematou Luís Osório.
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