A SIC estreou esta semana a sua nova novela “Senhora do Mar” e Luísa Jeremias comentou o primeiro episódio na sua crónica na revista ‘TV Guia’.
“Se calhar sou eu que sou um bocadinho burra ou lenta mas, sinceramente, não consigo perceber isto: uma mulher entra num veleiro em Belém, acorda no meio do oceano Atlântico, atira-se ao mar e vai parar à ilha Terceira – tudo assim, seguido. Não contente, é descoberta por uma criança, que calça um só sapato, na praia, decide ir entregar a criança aos pais, e a meio do caminho, descalça, pega na criança – que deve ter para aí uns dez quilos – e leva-a ao colo para a aldeia. Tudo isto é perfeitamente verosímil, certo?”, começou por escrever.
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“Pois, lá está, é por isso que a mulher é “santa”: porque só uma santa é capaz destas habilidades todas e continuar com aquele rosto, lindo, fantástico, após tamanha aventura em pés descalços. Assim estreou Senhora do Mar, nova novela da SIC, com Sofia Ribeiro, a “santa”, como protagonista, e com um sério problema de congruência na ação. A coisa não fica por aqui em pleno primeiro episódio – aquele que serve de montra a 120 (ou mais) seguintes. A juntar à cena da santa nadadora, segue-se a das miúdas na piscina. Qual a função da cena (dividida em partes)? Ninguém sabe. O que adianta para a história? À primeira vista, zero. Então o que está ali a fazer? É só para apresentar personagens? Pois aí está o grande problema: num primeiro episódio isso não chega; é preciso criar valor, acrescentar, alimentar o interesse do espectador para este ir ficando, e ficando, e ficando, até estar viciado na novela. Essa é a ideia. Se isso falhar, há um problema grande”, acrescentou.
“Posto isto, a pergunta que se impõe é a seguinte: quem lê os guiões antes da novela ser filmada? Quem faz a continuidade das cenas? Quem dá o alerta aos autores (e atores) que a cena não faz sentido, não cola, não bate certo, é inverosímil? E, no final da linha, onde está a direção de programas que aprova o episódio? Chega ter imagens de drone, lindas? Não não chega. É preciso coerência. E bom senso. Senhora do Mar é a única a ter estes problemas? Não, não é. Cacau também tem e não são poucos. Fica para a história (do que não se pode fazer) a cena da chamada feita num telemóvel alheio e que é reconhecida como sendo da mulher de Quim. Mas disso falaremos depois. Para já aguardamos mais leitura do TPC”, rematou a diretora da revista TV Guia.
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