Manuel Wiborg está afastado da televisão há algum tempo e desabafou num texto publicado na rubrica ‘Varanda da Esperança’ da TV Guia.
O ator conta que tem sido questionado pelas pessoas que o abordam em locais públicos: “Quando é que o vemos na televisão?“; “Já não o vemos há muito tempo!“, “Deixou de ser ator?“, “Faz falta um ator como você na televisão”.
“Fico sempre sem saber o que lhes responder, porque também não sei. De repente, deixei de trabalhar em televisão, quando toda a vida o fiz, em papéis com muita visibilidade, criando memórias para estas pessoas que me fazem estas perguntas, e sinto que as estou a trair, embora sem culpa, porque estas pessoas criaram por mim afinidades e até uma certa fidelidade: quem não guardará para sempre na memória o Salgueiro Maia dos “25 anos do 25 de Abril” (SIC)? Ou o padre Vítor, do primeiro Conta-me como Foi (RTP1)? Ou ainda o inspetor Camacho, de A Única Mulher (TVI), e O Sábio (RTP1), etc?”, escreveu.
“Sei que as pessoas não se esquecerão destas personagens, porque não é pelo meu nome que me tratam, mas pelo das personagens, mas não lhes sei responder… Às vezes, digo que não posso fazer nada, porque não depende de mim, não sou eu que me contrato a mim próprio para aparecer na televisão, e digo-lhes que façam essas perguntas aos canais. Mas, como é óbvio, as pessoas não o fazem. Depois, quando reflito sobre esta questão (por que deixei de repente de trabalhar em televisão?), ponho-me a pensar na célebre frase que toda a minha vida ouvi: “O que as pessoas querem ver?”. E fico confuso: será que as pessoas querem deixar de me ver? Será que é mesmo verdade que me deixaram de querer ver na televisão, de um momento para o outro?”, acrescentou.
“Ligaram-me há pouco tempo, quer da SIC, quer da TVI, perguntando se eu queria ir falar aos programas Júlia e Dois às 10, respetivamente, aquando das minhas declarações ao jornal Expresso, sobre os atrasos dos pagamentos do Fundo de Fomento Cultural, participações que acabaram por não se concretizar porque o Estado acabou por cumprir as suas obrigações (tal vez porque me manifestei, quem sabe?), mas em ambos os telefonemas (quer da SIC, quer da TVI) me disseram que eu era “um ator da casa”. Só me resta, portanto, chegar à seguinte conclusão: Sou, pelos vistos, “um ator de várias casas” mas sem abrigo”, rematou.