Maria das Dores tentou matar-se duas vezes na prisão
Maria das Dores deu uma entrevista à Cristina Ferreira o que fez correr muita tinta. Só que esta entrevista a Maria das Dores presa há 12 anos pela morte do marido já a prejudicou. Só que não outros pormenores (aqui).
Ela lançou um livro esta semana onde revela certos pormenores, como as duas tentativas de suicídio na prisão.
“Aterrorizava-me a ideia de pensar que podia passar os 25 anos seguintes atrás das grades (…) O que a imprensa nunca soube foi que foi precisamente esta angústia que me levou a cometer a minha primeira tentativa de suicídio“, começou por dizer.
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“Entendi que a minha vida estava nas mãos de um juiz e que seria ele quem iria decidir a minha inocência (…) Mas compreendi que não estava disposta a deixar a minha vida nas mãos de ninguém, nem sequer de um juiz”. Foi aqui que decidiu se enforcar.
Como ela só tem uma mão, acabou por pedir a ajuda a uma colega de cela que aceitou, “Ainda hoje me pergunto como foi possível que uma das reclusas aceitasse ajudar-me. Arrependi-me no mesmo instante em que senti o lenço à volta do pescoço. E gritei por ajuda. E vieram ajudar-me. Quando entenderam que tinha tentado suicidar-me, transferiram-me para a ala psiquiátrica“.
Depois tentou matar-se novamente, “Não seria a última vez que tentaria suicidar-me. A segunda vez foi quando algum tempo depois, já ia o julgamento muito adiantado, eu voltei a ter um momento de fraqueza. Senti que, caso fosse condenada, não ia ser capaz de aguentar a sentença”.
Deixou inclusivamente uma carta de despedida aos filhos, “Dessa segunda vez, não falei com ninguém, mas escrevi umas linhas, em jeito de carta de despedida: ‘Desculpem, meus filhos, por aquilo que vos estou a fazer passar (…) Não quero continuar a viver assim (…) Não aguento mais, não consigo mais não ser compreendida, ser acusada (…) Sinto-me a morrer aos poucos, tenho medo, quero ir para perto do meu marido’. E foi então que se dirigiu à zona dos duches e tentou enforcar-se, desta vez sem ajuda de ninguém.”
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“Depois, não pensei mais. Meti-me nos duches e subi a uma cadeira. Como pude, pus um lenço à volta do chuveiro e enrolei-o (…) Então, dei um pontapé no banco para ficar pendurada no ar. Senti um golpe seco na garganta, enquanto me faltava a respiração. Meu Deus, o que eu estava a fazer?, pensei, num último momento de sanidade. Arrependi-me, enquanto agarrava o lençol com a mão à procura de uma forma de recuperar a respiração”.
Maria das Dores foi salva nos últimos instantes. “Estava quase a perder a consciência (…) Nesse instante, um enfermeiro entrou nos duches e agarrou-me pelas pernas, levantando-as de forma a permitir que recuperasse a respiração“.