Mário Augusto está de luto pela morte da mãe e prestou homenagem nas redes sociais esta sexta-feira, 6 de janeiro.
“A mão que ainda há dias me apertava, hoje já sem força lá acenou para dizer adeus e partiu. É um estranho esvoaçar que cumpre os ciclos da vida. Chegam uns num choro de descoberta, partem outros que viveram muito e que nos fazem chorar, mesmo sabendo que assim é e sempre foi“, começou por escrever o jornalista da RTP.
“(…) Era a mãe presente que nunca percebeu no que eu me metia quando fiz a opções profissionais que sempre apoiou. A mãe como as boas mães que não se deitava ou adormecia enquanto eu não chegasse da noitada e sempre acreditava em mim…mesmo sabendo que às vezes eram mentiritas que ela topava a léguas. (…) É sempre estranho sentir que deixamos de ter o colinho. A minha mãe lá partiu, como foi a sua vida, muito digna e serena sem se queixar nunca“, prosseguiu.
“Esteve rodeada de filhos e netos como quando alguém faz uma viagem e nós vamos despedir. Estivemos todos lá com ela que ontem nos olhava como quem conversa. Quis agarrar a mão de todos um a um, netos, namoradas, filhos genro e nora, a todos ela apertava com uma mão frágil até adormecer num respirar ofegante. Achamos que iria dormir assim, boa pulsação igual aos outros dias, por isso decidimos ir todos dormir quase às duas da manhã, a Margarida a minha irmã com nome de flor resistente, ficaria a dormir lá em casa. Todos foram embora. Por minutos ela apanhou-se sozinha e partiu. Tranquila, como sempre foi nos silêncios e como gostava de estar, escapuliu-se depois de a todos ter apertado a mão e nos ter olhado com o seu tranquilo olho azul”, descreveu.
“Estamos bem, conhecemos o sentimento de outras vezes, mas nunca deixa de ser aquela sensação de um furacão emocional a atravessar um buraco de agulha. Lá se foi aquela palavra que abraçava, o recado de cuidado com a vida fora de portas, o nosso primeiro berço orgânico, aconchegante e protetor. É a vida mas que todos, crentes ou não, desejamos que esteja também para lá da que conhecemos, a que nos fustiga e aperta. Agora mais ainda sem o tal colinho que nos deu tudo e daria mais se tivesse, até a vida por nós … era a mãe”, acrescentou.
“Queria poder outra vez enroscar-me no seu regaço como quando chegava da escola em pequenito, mas já cresci muito, mas é bom sentir que eu e a minha irmã fomos até ao fim os seus meninos. Que nunca nos falte a memória. As mães merecem a eternidade, mesmo quando a memória delas se apaga, sentimos que esvoaça nas coisas soltas das vivências diárias. Carinhosamente os seis netos chamam-lhe dona Laura ou Laurinha. Será desde hoje a nossa recordação mais viva , as histórias que queremos contar até um dia qualquer. Desde já obrigado pelo vosso conforto e simpatia”, rematou.