Morreu David Baltimore, Nobel da Medicina e gigante da biologia molecular
Laureado com o Nobel da Medicina em 1975, aos 37 anos...

David Baltimore, um dos mais influentes biólogos moleculares do século XX, morreu a 6 de setembro, aos 87 anos, em Massachusetts, vítima de complicações de vários cancros.
Laureado com o Nobel da Medicina em 1975, aos 37 anos, Baltimore revolucionou a ciência ao descobrir a transcriptase reversa, enzima que mostrou que a informação genética também pode fluir do RNA para o DNA. Essa revelação abriu caminho para avanços cruciais, do combate ao HIV à terapia génica.
Ao longo da carreira, publicou mais de 600 artigos, presidiu à Rockefeller University e ao Caltech, e deixou marca como líder científico e defensor intransigente da investigação. Atravessou também a turbulência do “caso Baltimore”, polémica que dominou a ciência durante anos, mas da qual saiu absolvido.
Baltimore deixa a esposa, a bióloga Alice Huang, e a filha do casal, TK Konopka. A sua morte representa o fim de uma era, a de quem ousou desafiar dogmas e mudou para sempre a biologia molecular.

Descoberta Científica Revolucionária
Foi em 1970, ainda jovem investigador no MIT, que Baltimore mudou para sempre o rumo da ciência. Ao identificar a transcriptase reversa, uma enzima capaz de reverter o fluxo genético do RNA para o DNA, derrubou o dogma central da biologia molecular e abriu caminho a duas revoluções médicas: a compreensão do HIV e o desenvolvimento da terapia génica.
O feito foi tão marcante que, apenas cinco anos depois, lhe valeu o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina, partilhado com Howard Temin e Renato Dulbecco. Baltimore tinha então 37 anos.
A história da descoberta é contada como se fosse quase um acaso genial: pediu partículas retrovirais emprestadas a um laboratório dos NIH, recebeu-as pelo correio e, logo na primeira experiência, encontrou o mecanismo que lhe daria o Nobel. Simples, direto, brilhante.