Luís Mascarenhas deu uma entrevista à revista TV Guia e fez algumas declarações que não passaram despercebidas.
“Quando dobrei a voz do Capitão Haddock [do filme ‘Tintin: O Segredo do Licorne’], não queriam que fosse eu. Mas o Steven Spielberg, que nem me conhece, disse que era uma das vozes que queria. E, depois, havia dois gajos, que são uns craques nas dobragens, o José Jorge Duarte e o Rui Paulo, que foram trocados pelo Rui Unas e pelo Nuno Markl, a malta da moda. É a malta que, nas redes sociais, publica tudo. Até quando veste umas cuecas azuis. Os tipos da PIDE hoje em dia estavam tramados, estavam todos desempregados”, revelou o ator.
Nuno Markl, um dos visados, já respondeu: “Tintin: O Segredo do Licorne. Lembro-me de várias coisas: entre elas, o orgulho de partilhar uma dobragem com o lendário Luís Mascarenhas, um Haddock perfeito, e de ele ser bastante simpático comigo quando nos cruzámos brevemente na altura. Afinal, todos estes anos depois, constato que por dentro ele estava a rogar-me pragas Haddockianas! Uma pena só saber disto agora. As pessoas deviam ser mais sinceras. Não seria o fim do mundo”.
“Ainda assim, e com 51 anos de vida e 30 de carreira a trabalhar em humor e com a voz, há um lado em mim que fica estranhamente lisonjeado por ser apelidado pelo Luís como “malta da moda”. Eu que já me acho um dinossauro, estou a sentir-me um jovem adolescente influencer – embora não me lembre exactamente da última vez que mostrei as cuecas nas redes sociais. Fiz as dobragens que fiz porque fui convidado e acho que não me safei mal. Dei o litro, e diria que me safei melhor que o Futre – não sei se ele faria o Bing Bong do Inside Out como a incrível direcção do Carlos Freixo me levou a fazer”, acrescentou.
“Dobrei uma quantidade jeitosa de filmes entre 2006 e 2022. Dá um gozo do caraças, dá bastante trabalho, mas ao longo de todos estes anos, se por um lado me senti acolhido por muitos profissionais da área, também tenho recorrentemente de ouvir o azedume de alguma malta que acha que eu estou lá a mais. Já não estou para isso”, referiu ainda.
O radialista e humorista anunciou: “Tendo em conta que não preciso na minha vida nem do trabalho de dobragem, nem de azedume, creio que esta é uma boa altura para fazer uma grata vénia e reformar-me desse ofício. Apesar de ser um gaiato da moda para o nosso Haddock, estou velho para estas zaragatas e nem o gozo nem o dinheiro que as dobragens dão pagam a sensação de que, para alguns profissionais da área, sou mais um Futre a dobrar filmes. Termino esta carreira com o Professor Marmelada d’Os Mauzões. Parece-me um esplêndido final!”.
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