Nuno Markl está chocado e expressou-o no Instagram.
Nuno Markl não consegue acreditar que esta capa de jornal na passada sexta-feira, 2 de setembro, foi aprovada e publicada. Nela, diz em letras bem grandes “Festa do Avante, o festival da vergonha” com imagem de “sangue” a escorrer desde o topo da página.
O radialista não conseguiu esconder o desagrado e publicou a sua opinião: “Há várias coisas que fazem desta primeira página uma tragédia para o jornalismo. O mau gosto do sangue desenhado (que abuso da estética de Watchmen!) escorrendo capa abaixo para um efeito de choque completamente vazio de outra intenção que não vender com a mesma lógica xunga de uma edição de O Crime“.
“A estampagem sumária do Z nos artistas, numa lógica ou estão com uns ou estão com outros; a associação entre os artistas e o derramamento de sangue, incitando de forma básica o povo a perseguir e insultá-los como se eles trabalhassem para o Putin, num horrendo apelo ao bullying e ao famigerado cancelamento (quando a Festa do Avante sempre teve artistas das mais variadas orientações políticas que ali encontravam trabalho e um polo cultural que ultrapassava o lado político do evento)“, acrescentou o artista.
“Não é segredo para ninguém que sou um gajo de esquerda, e também sou um gajo de esquerda que não se revê em várias coisas que o PCP defende (a maneira como lidaram com a situação na Ucrânia e a maneira como comunicaram a sua posição na questão pareceu-me um desastre), mas o que aqui está não é nada: não é denúncia, não é inteligência, não é ativismo, não é jornalismo. Esta capa não faz nada pela Ucrânia, apenas se regala e usufrui do genuíno derrame de sangue para criar folclore, fazer dinheiro e apelar ao ódio primário por artistas – muitos deles a retomar a atividade, a deles e a dos músicos e técnicos que os acompanham, depois de anos ruinosos para a sua profissão“, continuou.
“Já li algures que o texto no interior do jornal é muito menos histérico do que esta capa. Não sei se é, mas se for continua a não desculpar isto – até porque numa sociedade cada vez mais superficial, uma capa chega para muito cidadão formular opinião e partir para a agressão“, rematou.
Ora vê a capa em questão e a publicação do autor do “O Homem que mordeu o Cão”:
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