Partiu Diane Keaton: a mulher que nos ensinou a envelhecer com graça
Diane Keaton, atriz de Annie Hall e ícone de Hollywood, morreu aos 79 anos. Deixou uma carreira brilhante e uma vida feita de humor, liberdade e autenticidade.

A atriz norte-americana Diane Keaton, uma das figuras mais queridas e singulares de Hollywood, morreu aos 79 anos, na Califórnia.
A notícia foi confirmada por um familiar, que pediu privacidade neste momento difícil. Não foram revelados pormenores sobre a causa da morte.
Nascida em 5 de janeiro de 1946, em Los Angeles, Diane Hall – o seu nome de nascimento – cresceu como a mais velha de quatro irmãos. O pai era engenheiro civil, e a mãe, dona de casa, tinha um lado artístico que marcaria a filha para sempre. “No fundo do coração, ela provavelmente queria ser uma artista de um tipo qualquer”, contou Keaton numa entrevista antiga. Foi, aliás, em homenagem à mãe que adotou o apelido Keaton como nome profissional.
Desde cedo, Diane mostrou uma personalidade fora do comum. Com o seu estilo excêntrico, humor inteligente e uma autenticidade desarmante, conquistou Hollywood e o público. Ao longo da carreira, foi atriz, produtora, realizadora e até fotógrafa. Ganhou um Oscar, um BAFTA e dois Globos de Ouro, além de várias nomeações para os Emmy e para os Tony.
A sua filmografia é um espelho da versatilidade que a definia: brilhou em Annie Hall, O Padrinho (nos três capítulos da saga), Alguém Tem de Ceder, Baby Boom e O Pai da Noiva. Com Woody Allen, viveu uma parceria artística inesquecível, marcada por filmes como Play It Again, Sam, Sleeper e Love and Death. Foi precisamente com Annie Hall, em 1977, que conquistou o Óscar de Melhor Atriz.
Mas a atriz não se limitou ao ecrã, porque em 1995 estreou-se como realizadora com Unstrung Heroes, produziu séries de televisão, escreveu para o Huffington Post e, já nos anos 2000, tornou-se rosto da L’Oréal.
Em 2007, foi homenageada pela Film Society of Lincoln Center, num reconhecimento ao seu contributo notável para o cinema.
Era também conhecida pela sua relação muito franca com a imagem e o envelhecimento. “Estou presa a esta ideia de que preciso de ser autêntica. O meu rosto precisa de ser como eu me sinto”, dizia, recusando recorrer a cirurgias estéticas. Vegetarian desde os anos 90, falou abertamente sobre ter enfrentado a bulimia na juventude. E, fora dos holofotes, dedicou-se à preservação de edifícios históricos em Los Angeles, cidade onde nasceu e que tanto amava.
No plano pessoal, Diane Keaton foi mãe dedicada de dois filhos, Dexter e Duke. Nunca casou, mas viveu romances intensos com nomes como Woody Allen, Warren Beatty e Al Pacino. Ainda assim, dizia que a sua verdadeira história de amor foi com o cinema, e com a liberdade de ser quem era, sem pedir desculpa.
Diane Keaton deixa uma herança que vai muito além dos filmes: uma atitude diante da vida marcada pela ironia, pelo humor e por uma doçura sempre rebelde. Uma mulher que, como poucos, soube envelhecer com graça,e viver com alma.