Numa única crónica, na edição online do jornal da Impresa, Isabela Figueiredo tece duras críticas à experiência social da SIC: “para entreter os casais fora do jogo com discussões conjugais e mal entendidos”.
Jornalista, escritora e vencedora do ‘Prémio Urbano Tavares Rodrigues’, com o livro ‘A Gorda’, numa crónica de opinião intitulada de “As minhas normais utopias’, Isabela apelida o ‘Preço Certo’ de “brejeiro, chinfrim”, diz que ‘A Roda da Sorte’ era “um programa mau” e escreveu que o “panorama televisivo”, RTP1, SIC e TVI, é “um écran ligado ao vazio”.
“Durante a publicidade que antecede os jornais da noite aproveito para aquecer o jantar. Vou-me alimentando enquanto ouço falar da Palestina, de Trump e de Putin, das burcas e dos 15 mil euros em gastos mensais de José Sócrates”, ironiza.
Com mais de duas centenas de opções, a escritora opta sempre pela televisão disponível na TDT. “Tiro a televisão do silêncio e escuto as primeiras notícias até me aborrecer. Não quero ver desgraças. Se elimino o áudio, é provável que continue assim a noite inteira, enquanto trabalho. Pode acontecer, olhar e perceber uma entrevista com alguém interessante, mas é raro. A televisão continua ligada porque constitui uma relativa companhia”, explica Isabela.
Porém, à medida que a noite chega, “após os noticiários, que mais tem o horário nobre para nos oferecer?”: “Telenovelas. Programas sensaborões de cultura geral, como o Joker de Vasco Valentim. Os Big Brothers da vida. Os Casados à Primeira Vista para entreter os casais fora do jogo com discussões conjugais e mal entendidos”.
E termina com uma farpa a quem manda na TV: “O panorama televisivo tornou-se paupérrimo. Mas não é um exclusivo português. Em França e Inglaterra são exatamente os mesmos programas com apresentadores diferentes. São formatos que as estações compram e vão circulando. Também é possível ver o Big Brother na Áustria ou na Polónia. A televisão que em tempos nos entreteve, animou e ensinou é agora triste em valores, cultura, humor, cinema, teatro, reportagem. É um écran ligado ao vazio. Tenho pena. A televisão podia ser um veículo de entretenimento, cultura e informação tão diversificado. Depende tanto das direções de programas”.